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Nenhum membro do PSDB foi preso na Lava Jato – e isso talvez nunca aconteça


Uma das principais críticas à operação Lava Jato é a seletividade. Ou seja, a ideia de que os juízes e procuradores interpretam os indícios de maneira diferente, conforme o nome do réu ou o partido político envolvido nas denúncias

Publicado: 14/08/2017
Escrito por: Brasil de Fato

Uma das principais críticas à operação Lava Jato é a seletividade. Ou seja, a ideia de que os juízes e procuradores interpretam os indícios de maneira diferente, conforme o nome do réu ou o partido político envolvido nas denúncias.

PT, PSDB e PMDB foram os que mais receberam dinheiro de empresas citadas na Lava Jato. Os partidos se defendem dizendo que as doações foram feitas conforme a lei. Entre os três mais citados, apenas o PSDB não teve nenhum dos membros preso.

O senador Aécio Neves é o único político tucano com abertura de inquérito solicitada pela Procuradoria Geral da República. E os indícios contra ele não são poucos.

O dono da empresa JBS, Joesley Batista, disse em delação premiada que Aécio recebeu 60 milhões de reais ilegalmente em 2014. Essa acusação ainda não tem provas.

Acontece que Joesley entregou à Justiça uma gravação deste ano, em que Aécio Neves aparece pedindo a ele dois milhões de reais para pagar sua defesa na Lava Jato. Na sequência do telefonema, o senador tucano afirma que um primo dele iria receber o dinheiro. A entrega desses valores foi filmada pela Polícia Federal.

Parecia que não tinha escapatória. Mas teve. Em junho, o Supremo Tribunal Federal negou o pedido de prisão e mandou o tucano de volta ao Senado. Na decisão, o ministro Marco Aurélio Mello descreveu o PSDB como um dos maiores partidos do Brasil e disse que Aécio tem uma carreira política "elogiável". 

Se compararmos com o caso José Dirceu, parece piada de mau gosto. O ex-ministro chefe da Casa Civil, do PT, ficou preso por quase dois anos sem uma sentença condenatória em última instância. 

A falta de pressa e de rigor nos processos que envolvem o PSDB, em relação a outros partidos, é questionada desde o início da Lava Jato. O chefe da força-tarefa em Curitiba, Deltan Dallagnol, foi perguntado sobre isso ao vivo na rádio Band News, em março. A explicação, segundo ele, é que o PSDB não fazia parte da base aliada do governo federal nos últimos anos. 

Essa desculpa não cola. Na delação da empreiteira Odebrecht, por exemplo, são várias citações a políticos tucanos: quatro senadores e ex-senadores, 15 deputados e ex-deputados, três governadores e uma série de vereadores não identificados.

O patriarca da empreiteira, Emílio Odebrecht, admitiu ao Ministério Público que recebeu vantagens indevidas durante as campanhas presidenciais de Fernando Henrique Cardoso em 1994 e 1998. Mas nada disso foi adiante.

Se Aécio escapou da prisão e retornou ao mandato, mesmo com tantos indícios, é difícil imaginar que um tucano será preso tão cedo .

Todos têm amplo direito de defesa. Mas, na Lava Jato, parece que esse princípio vale mais para uns do que para outros.

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