Poder e grandeza das corporações jurídicas

Publicado no GGN

Por André Araújo

Ao longo da modernização do Brasil a partir da Revolução de 1930, vários corpos de servidores profissionais a serviço do Estado nasceram pelo sistema de concursos públicos, que não existia na República Velha. Até então os servidores do Estado eram indicados por políticos. O concurso público, organizado pelo DASP, Departamento Administrativo do Serviço Público, criação de Vargas, era uma novidade.

Uma tia querida, irmã de minha mãe, fez o primeiro concurso público, foi aprovada e os vizinhos caçoavam "sem padrinho voce não entra", ela foi nomeada e depois de muitos anos se aposentou, o concurso foi uma revolução no País, pela primeira vez pessoas sem apadrinhamento poderiam ingressar em um emprego público.
Surgiram então carreiras de engenheiros rodoviários, engenheiros agrônomos, veterinários, médicos, enfermeiros e muitos outros mas TODAS essas carreiras definharam em VALOR E VENCIMENTOS, todas ganham muito pouco quando são carreiras ESSENCIAIS ao desenvolvimento e bem estar do País e de sua população.
 
Os engenheiros do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem eram um corpo de alta qualificação e prestígio, tinham sua própria Revista de Engenharia, nomes históricos de projetistas de rodovias, nunca ganharam muito mas tinham orgulho de servir ao País. Os mesmo com os engenheiros agrônomos, precursores da potência agrícola que o Brasil é hoje, enfrentavam regiões inóspitas e sem conforto, tinham um ideal de desenvolvimento da Pátria.
 
Ao mesmo tempo as CARREIRAS JURÍDICAS, juízes, procuradores e defensores entraram em uma era de esplendor e riqueza. Ganham muito mais que em países ricos, os salários iniciais são altíssimos, os "auxílios" são infinitos e a cada ano se criam mais, contracheques de 600 mil Reais não são raros no STJ, no ano passado um absurdo AUXÍLIO MORADIA concedido pelo Ministro Luis Fux, de R$ 4.400 por mês para cada juiz e promotor do Brasil, mesmo para quem tenha casa própria há 20 anos, no ano anterior um "auxílio educação" para pagar a escola dos filhos e a coisa não tem fim.
 
Ao mesmo tempo os Judiciários explodiram em crescimento orçamentário, a Justiça do Trabalho é a mais cara Justiça do planeta e não pára de crescer, Varas em cidades de 50 mil habitantes, Tribunais Regionais em Estados de escassos processos, tudo CARÍSSIMO, mega salÁrios muitas vezes superior a qualquer emprego na iniciativa privada.
 
Prédios monumentais e luxuosos por todo o País, o Ministério Público do Trabalho em São Paulo ocupa um prédio de 26 andares na região da Avenida Paulista, novinho, mas tem assunto para um prédio desse tamanho? Se não tem, inventa-se e dá-lhe trabalho "análogo à escravidão" com propaganda da corporação na TV (pode?)
 
A Justiça Federal é campeã e querem mais aumentos, no Rio há um rodízio permanente de juízes para duplicar os salários, de onde vem o poder que permite essa farra de desperdício de dinheiro público?
 
Vem do PODER DE PRENDER PESSOAS E BLOQUEAR BENS. O poder é que gera a NÃO RESISTÊNCIA às demandas.
 
O poder incontrastado vem aumentando ano e ano e estamos no limiar de uma República Judiciária onde parte substancial dos recursos do País deverá ser carreada para as corporações jurídicas. Sem resistência, avançam.
 
Enquanto isso o país real definha, projetos de infra estrutura parados por "decisão judicial", não se investe mais nada, desemprego por todo lado, mas fiquem tranquilos, o País das corporações juridicas viaja com férias garantidas e planejáveis, existem agências de turismo especializadas para atender essas corporações, é uma vida de rei, ano que vem virão mais "auxílios" e dizem para o resto do País:  "Honestos só nós, vocês são todos corruptos".