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Sindsep-PE promove evento para debater a política indigenista, no Dia do Índio


A atividade aconteceu na sede do Sindicato e contou com palestras, exibição de vídeos e apresentação de dança indígena

Publicado: 19/04/2018

Da Ascom Sindsep-PE

Na  data em que é comemorado o Dia do Índio, o Sindsep-PE promoveu um evento político cultural para debater a história de luta e a realidade atual dos povos indígenas brasileiros e pernambucanos. A atividade aconteceu na manhã desta quinta-feita (19), na sede do Sindicato, e contou com palestras, exibição de vídeos e apresentação de dança indígena.        

A programação foi aberta pelo coordenador geral do Sindsep, José Carlos Oliveira, que falou da importância da discussão em torno da política indigenista. “Esse é um assunto que tem que ser ampliado. Desde a invasão dos portugueses, em 1500, os índios brasileiros sofrem com perda de territórios e vidas. Isso tem que ter um basta”, afirmou.    

Em seguida, a diretora de formação do Sindsep, Inalda Laurentino, foi homenageada pelos 39 anos de trabalho na Funai. Logo depois, foi exibido o vídeo “O Cacique Fulni-ô”, com o cacique João Francisco dos Santos, da tribo Fulni-ô de Águas Belas. Em seguida, teve a exibição da animação “A Troca”, que mostra a chegada dos portugueses no Brasil, o seu interesse pelas riquezas naturais locais, a morte dos índios e encerra com a mensagem de que, hoje, a resistência indígena está mais forte. 

As palestras foram abertas com a fala de Inalda Laurentino sobre “A Política Indigenista”. Inalda fez um relato histórico desde a chegada dos jesuítas no Brasil, em 1549 juntamente com o primeiro governador-geral, Tome de Souza. Segundo ela, os jesuítas vieram a serviço da coroa portuguesa para catequizar e implantar o trabalho laboral nas aldeias. Os jesuítas foram expulsos em meados do século XVIII. Em seguida, já no século XIX, chegam ao Brasil os freis Capuchinos para coordenar as aldeias e promover uma política de integração, impondo trabalho aos índios e tentando adaptá-los a sociedade. No período Republicano, em 1910, o Marechal Rondon organizou e passou a dirigir o Serviço de Proteção ao Índio (SPI).

“O SPI se instalou em todo o Brasil, mas tinha uma estrutura muito pequena. Em 1966, ele foi extinto e, um ano depois, o governo criou a Funai. Apesar do órgão ter sido criado durante a ditadura militar, em uma conjuntura desfavorável, muitos de nós, funcionários da Funai, nos empenhamos ao máximo e conseguimos atender a diversas demandas dos povos indígenas. No entanto, até hoje, o índio sofre com o preconceito e com a perda de seu território ”, disse. 

Desafios 

Na sequência, o índio Sarapó Pankararu, coordenador da Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste (APOINME), falou sobre “Povos Indígenas em Pernambuco: Organizações, avanços e Desafios.” Sarapó afirmou que a maior luta dos índios pernambucanos ainda é por suas terras. Ele informou que Pernambuco conta atualmente com mais de 50 mil índios espalhados em 12 etnias. 

“No entanto, das 12 etnias que temos, apenas os Cambiwá, em Ibimirim, tem suas terras 100% regularizadas. Não é fácil nascer, crescer e transmitir a tradição e o conhecimento indígena no Brasil. E agora, depois do golpe que está sendo promovido no País, a situação está ainda pior. É triste vermos a bancada ruralista do Congresso indicando quem irá comandar a Funai”, afirmou. 

Importante destacar que o artigo 231 da Constituição Federal reconhece, aos índios, o direito originário sobre as terras que ocupam tradicionalmente. Segundo Sarapó, a organização do povo indígena está mais forte hoje do que no passado, no entanto a luta ainda se faz muito necessária.  “Eles também esvaziaram a Funai de Pernambuco. Hoje, os povos indígenas locais estão sendo atendidos pela Funai de Alagoas e Bahia”, afirmou. 

Encerrando a mesa temática, Elisa Urbano, membro dos Conselhos Estadual e Nacional da Mulher – Povos Indígenas, apresentou um panorama sobre “A relevância do Papel da Mulher Indígena no Enfrentamento das Lutas de seus Direitos.” Elisa destacou que, apesar do machismo que existe hoje, dentro das aldeias, muitas mulheres índias têm se destacado como líderes.

“Os povos indígenas, ao longo do contato violento com o invasor, aderiram ao patriarcado e desenvolveram posturas machistas. Mas a natureza sagrada que determina as ações de homens e mulheres na tradição indígena traz uma luz especial que orienta as mulheres a romperem com essas injustiças”, concluiu.  

O evento foi encerrado com a apresentação cultural do grupo Funi-ô Fithxyá, que dançou o Toré. 

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