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30/03/2017
Por Carlos Fernandes
Do DCM
A equipe econômica do governo Temer liderada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, concedeu uma coletiva de imprensa na noite dessa quarta (29) para apresentar a “solução” encontrada pelo governo para corrigir a barbeiragem de R$ 58,2 bilhões no déficit público previsto para 2017.
Antes de qualquer coisa, é preciso lembrarmos que o governo que prometeu moralizar as contas públicas do país já havia previsto um rombo nos cofres do Estado para este ano no valor de R$ 139 bilhões. O déficit extra foi imposto pela dura realidade dos fatos: absolutamente nenhuma medida econômica tomada pelo governo surtiu efeito prático no mercado.
Baseado numa previsão estapafúrdia de que o Brasil cresceria 1% no PIB este ano, os cálculos de arrecadação de impostos tiveram que ser completamente refeitos. Num cenário econômico em que o desemprego não cede, aumenta-se o número de famílias endividadas e a confiança do consumidor simplesmente desaparece, não restou outro caminho senão reduzir essa previsão para 0,5%. A metade.
Pois bem, a tal “solução” encontrada pelo atual governo sustenta-se em dois velhos pilares da política neoliberal praticada à exaustão até o governo FHC: aumento de impostos e redução nos serviços prestados pelo Estado. Serviços esses que nada mais são do que a justa contrapartida a esses mesmos impostos pegos pelo contribuinte que agora o governo irá aumentar.
Em resumo, o malabarismo financeiro para fechar as contas do país se dará da seguinte forma:
De um lado, o Estado se faz presente para suspender as desonerações na folha de pagamento das empresas o que tornará os custos de produção no Brasil ainda maiores. Como de costume, os efeitos esperados são os de demissões de mais trabalhadores e repasses dos custos para os consumidores.
Do outro lado, o Estado se faz ausente na hora de prestar à população os mais básicos serviços públicos como saúde, educação, segurança e saneamento. É nesta parte que o governo foi especialmente impiedoso. Dos R$ 58,2 bilhões do déficit extra, R$ 42,1 bilhões serão custeados exclusivamente com o abandono estatal.
Ou seja, no final das contas, de um lado ou do outro é o cidadão brasileiro que será particularmente prejudicado pelo fracasso do golpe e pela ineficiência da política econômica adotada pelo governo ilegítimo.
E o pior – sim, existe pior – é que as previsões são ainda mais alarmantes. Ninguém com um mínimo de bom senso e conhecimento econômico acredita que “só” essas medidas serão suficientes para cobrir o rombo do déficit público anual.
Apenas a nível de ilustração, o resultado divulgado pelo IBGE nesta mesma data sobre o setor de serviços, um dos mais importantes na economia brasileira, foi desolador. Para o mês de janeiro tivemos uma queda de 2,2% em relação ao mês de dezembro/2016. Se comparado ao mesmo período do ano anterior, foi um desastre. Despencamos inacreditáveis 7,3%. Muito abaixo do que os analistas esperavam.
Dessa forma, se continuarmos patinando miseravelmente dessa maneira – e a julgar pela profunda crise política e institucional na qual o país está inserido tudo indica que continuaremos – não restam dúvidas que será necessário novo aumento de impostos e novos cortes nos gastos e investimentos do Estado.
Os resultados desastrosos do Brasil pós-golpe chegaram a um nível insustentável. Se antes a deposição desse governo golpista se tornava imperioso por questões morais, agora trata-se da literal sobrevivência de toda uma nação.
Ou cai Temer, ou cai o Brasil. Os dois simplesmente não dá.
Carlos Fernandes é economista com MBA na PUC-Rio. Ele trabalha na direção geral de uma das maiores instituições financeiras da América Latina
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