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A morte do não nascido


Publicado: 21/09/2015

Por Délio Mendes

O poder tudo pode e pode muito. Veja-se o passado recente onde foi morto o modo comunista de relações entre os seres humanos antes mesmo da sua existência em qualquer momento da vida social e em qualquer território do mundo em que vivemos. Ou seja, o não nascido foi morto em nome do fim de uma história que seguia apenas o seu caminho, a história das lutas de classes, a qual se desenrola com todas as contradições de um mundo andando de crise em crise.

Todavia, se o poder pode tudo e pode realmente, o modo de produção capitalista através dos seus aparelhos ideológicos, tenta, inclusive, através de seus meios de comunicação, eliminar um não nascido na esperança de que esta morte antecipada impeça de nascer o futuro de leite, mel, ternura e paz entre os humanos. Melhor, a busca pelo aniquilamento do Comunismo tenta impedir o nascimento do futuro diferenciado, do futuro negação do passado e do presente de todos os carecimentos. O poder no capitalismo, pela via de expressão dos aparelhos ideológicos do Estado e da sociedade, aparelhos estatais e privados, não desperdiça um momento no afã de destruir e matar a ideia do Comunismo, antes que a mesma pode impulsionar os oprimidos do mundo inteiro a lutar por melhores condições de vida. Aponte-se para essa prática de morte ao Comunismo logo depois da queda do Muro de Berlim.

Em 1993, é lançado, entre outros, no Brasil, um texto de Norberto Bobbio, um desses monstros sagrados da Ciência Política, brindando-nos com essa maravilha de discurso: “É inegável, porém, que o fracasso não é apenas dos regimes comunistas, mas da revolução inspirada pela ideologia comunista – ideologia que postulava a transformação radical de uma sociedade vista como injusta e opressora em uma sociedade bem diferente, livre e justa”. Eis o mestre italiano ideologicamente posto, esquecendo seu passado, dobrando-se a uma forma ideológica em uma guerra midiática, que tem como finalidade tolher o caminho real para uma sociedade de leite e de mel. Esse texto de Bobbio, que tem como referência a queda do Muro de Berlim ocorrida alguns anos antes, anuncia a felicidade dos anos noventa, colocando aos ouvidos da humanidade o belo Hino do FIM da HISTÓRIA, de um compositor, aliás, bem ao gosto dos ouvidos das classes dominantes.

Classe dominante esta que esbraveja: “Vencemos, eles (os trabalhadores) não voltam mais de forma organizada”. E nesta “baita vitória” no mundo global, tudo são luzes e privataria. “Portanto, uma nova classe global vem surgindo, com, digamos, passaporte indiano, castelo na Escócia, apartamento em Manhattan e ilha particular no Caribe. O paradoxo é que os membros dessa classe global jantam privativamente, compram privativamente, veem obras privativamente, tudo é privativo, privativo, privativo.” Este é o mundo depois do “fim do comunismo”, da completa insensatez, dos ricos mais ricos e ainda, cada vez mais, menos preocupados com a população que sobrevive na miséria da exclusão e da marginalidade. Falsas compreensões do mundo real, haja vista, tratar-se tanto uma como a outra de variantes da face de exploração e expropriação da lógica do capital global.

Délio Mendes é sociólogo, professor aposentado pelas Universidades Católica de Pernambuco (UNICAP) e Federal Rural (UFRPE), membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e fundador do Sindsep-PE



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