SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS NO ESTADO DE PERNAMBUCO

(81) 3131.6350 - [email protected]

Home | Artigos

Lições a considerar desde Berlim


Publicado: 04/09/2015

Por Flavio Aguiar

Do Blog Velho Mundo, na Rede Brasil Atual

Uma das características de muita gente da direita brasileira é sua extrema falta de educação, selvageria, incivilidade, grossura e desprezo pelo próprio país. Com exceção deste último item, os restantes não são exclusivos do Brasil. Por exemplo, aqui na Alemanha a extrema-direita tem-se esmerado em atos de selvageria, grossura, etc., contra os imigrantes, refugiados, que aqui acorrem (embora muitos cidadãos daqui estejam se esmerando em bem recebe-los). Recentemente houve casos como o do cara que entrou numa estação de metrô e urinou - urinou (!) - em cima de imigrantes que lá estavam, inclusive uma criança. Houve atentados a faca em casas de refugiados, ou até com gás pimenta, mandando gente para o hospital. Sem falar nos incêndios criminosos que se multiplicam contra estes abrigos durante a noite.

Mas no Brasil, a direita insiste em afirmar constantemente que “o que é bom para a Europa e os Estados Unidos não é bom para o Brasil”. Transporte público privilegiado em relação ao individual, corredores de ônibus, restrições ao uso de carro, controle rígido de velocidade, saúde pública, etc., etc., etc., tudo isto é bom para a Europa, mas não para o Brasil, “nem existe no Brasil” o que, aliás, é mentira, porque o SUS é muito melhor do que muito do que existe em muitos países na Europa e também nos Estrados Unidos (onde o sistema público de saúde claudica e está sendo reerguido por Barack Obama, contra uma feroz oposição dos republicanos).

Tome-se o exemplo do controle de velocidade. Li estarrecido que há uma ação judicial movida pela OAB-SP (corrijam-me se eu estiver errado) contra a diminuição da velocidade máxima nas marginais de S. Paulo. Apesar do número de acidentes ter baixado depois da medida. Vi outras manifestações grosseiras na mídia velha, por parte dos arautos do individualismo feroz, contra a extensão de corredores de ônibus e de ciclovias em São Paulo. Um descalabro político e moral, só compreensível pelo desvario mal-educado que tomou conta dos direitistas no país desde a Copa do Mundo e em especial depois da inesperada (só para eles) derrota do Aécio em outubro passado.

De vez em quando vale mesmo prestar atenção em lições que podem ser lidas a partir da Europa, desde que sem eurocentrismo nem aquilo de acreditar que o Brasil não tem jeito.

1. Aqui em Berlim, como em todas as cidades da Alemanha, o limite de velocidade nas ruas é de 50 km. por hora. Perto de escolas ou em regiões densamente povoadas, 30. Exceções: as auto-estradas de administração municipal, onde o limite é 100.

2. Pedestre tem preferência em qualquer lugar.

3. Nas auto-estradas federais, a responsabilidade é do governo nacional. Em muitas delas não há limite de velocidade. Mas em outras há: 130, 100, 80.

4. Em estradas de zonas rurais o limite é 100, 90, 80, 70. Mas atravessando zonas urbanas ele cai para 50, e em centros de cidades, 30.

5. O controle destes limites é rígido. Não há recurso, a menos que se comprove um erro por parte da autoridade ou de radares, etc.

6. 3 vezes passado um sinal vermelho, adeus carta de motorista. Alcoolizado, idem. Multas enormes. Penas penosas, no caso de acidentes.

7. Para completar este quadro que muita gente da nossa “élite” acharia dantesco se fosse no Brasil, o Senado de Berlim (em termos brasileiros o conselho de secretários municipais) adotou uma nova lei, estabelecendo um limite de 30 km em certas ruas durante a noite, para diminuir o ruído, pois está comprovado que a submissão constante a ruídos acima de 55 decibéis durante o sono aumenta o risco de problemas cardiovasculares.

Durma-se com um silêncio desses!

Flávio Wolf de Aguiar é professor, autor, jornalista, tradutor brasileiro, organizador e colaborador de dezenas de livros



« Voltar


Receba Nosso Informativo

X