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O aquecimento global, o redesenho geopolítico e o novo país ‘Amazônia’, por Andre Motta Araujo


Publicado: 27/08/2019

Por Andre Motta Araujo

O Presidente Donald Trump fez uma oferta de compra da Groenlândia, território autônomo dinamarquês. A proposta parece absurda, mas tem raízes. A nova fase geopolítica do mundo atende pelo nome AQUECIMENTO GLOBAL e dela partirão novos ajustes no mapa político global. O último ciclo de ajustes geopolíticos foi o fim da União Soviética, um Estado que perdeu, ente 1990 e 2000, cerca de 8 milhões de quilômetros quadrados, da implosão saíram 11 Estados.

Portanto o mapa político mundial NÃO ESTÁ FECHADO, ele se move e o motor atual é a crise climática que fez o degelo da Groenlândia abrir o apetite de Trump por esse território.

A Amazônia brasileira não está a salvo de um ajuste decorrente da crise detonada com estrondo por uma ação deliberada anti-Amazonas perpetrada pelo grupo no poder em Brasília. Não adiantam discursos e tweets, a realidade se impõe, o Brasil até então elogiado campeão global de ação ambientalista, em poucos meses mostrou ao mundo que, a partir de agora, está se lixando para a Amazônia.

A campanha internacional caminha na direção de um “CONDOMÍNIO INTERNACIONAL DA AMAZÔNIA” sob mandato da ONU, assim como a Conferência de Versalhes, em 1919, deu à Liga das Nações e esta delegou à França um mandato sobre a Síria e o Líbano e para a Inglaterra mandato sobre o Iraque, a Transjordânia e a Palestina. A História mostra o permanente reajuste de fronteiras através dos séculos, nunca parou, como pensar que um dia a Holanda foi da Espanha e que os Estados Unidos tomaram em 1898 Porto Rico e as longínquas Filipinas da Espanha, na mão grande? Ou que o Alaska foi um dia da Rússia e o Acre da Bolívia? Hoje a França já tem um pedaço da Amazônia, pequeno, mas colado à nossa fronteira, a Guiana Francesa, é um departamento da República Francesa, como é a Borgonha, sem nenhuma diferença jurídica, onde a moeda é o Euro, temos fronteira com a França e a França já tem um pedaço da Amazônia, algo que parece que muitos brasileiros em Brasília desconhecem, é a “nossa” Amazônia de Macron.

Todos os redesenhos geopolíticos de fronteiras nascem de guerras ou crises. A CRISE DO AQUECIMENTO GLOBAL não é uma fantasia, é um fato aceito pelos centros de poder globais, o G-7, a União Europeia,  a OCDE, a ONU, com base em evidências científicas de milhares de pesquisadores em todos os grandes países, comprovadas por instrumentos e satélites, nega-las é considerada postura de débeis mentais.

NOVAS FRONTEIRAS DEPENDEM DE FORÇA MILITAR

É evidente que só pela força ou pela demonstração da existência de força que novas fronteiras podem ser redesenhadas. Mas no caso da Amazônia brasileira não parece ser necessária. A política do atual governo, em Brasília, parece se ajustar a esse redesenho de forma pacífica. As ações desse governo só têm alguma lógica se o objetivo for esse redesenho, porque todos os atos, passos e declarações só se encaixam se for esse o projeto.

Se o objetivo fosse o de manter a Amazônia no Estado brasileiro as ações praticadas seriam ilógicas, mas elas se tornam racionais se a entrega do território for o objetivo. O processo lembra muito o projeto da ultra-direita francesa em 1940 que queria entregar a França aos alemães, só esse desejo explicava a ação dos “colaboracionistas” de Vichy. Entregar aos alemães por que e para quê? Porque essa ultra-direita achava que só os alemães poderiam COMBATER OS COMUNISTAS. Está aí o desfecho da charada da ultra-direita brasileira: ENTREGAR A AMAZÔNIA PARA QUE OS OCUPANTES, DE PREFERÊNCIA AMERICANOS, PARA COMBATER OS COMUNISTAS, que se encastelaram no Norte e Nordeste do Brasil.

O AGENTE PROVOCADOR

Assim como os colaboracionistas franceses, Laval, Chautemps, Deat, Henriot, de Brinon, Darlan, queriam ardentemente os alemães governando um pedaço da França, os “agents provocateurs” brasileiros criaram as condições para entregar essa parte do território, tendo como guru ideológico um mega agente provocador que se entoca na Virgínia, ele age como na França os intelectuais da ultra-direita propagavam teorias malucas para justificar o colaboracionismo, teorias essas que abusavam de “conspirações” imaginárias dos aristocratas ingleses para com isso entregar a França aos nazistas.

A GLOBALIZAÇÃO COMO FATOR GEOPOLÍTICO

O atual ciclo de globalização não é o primeiro. Na Era Contemporânea houve uma forte globalização de capitais, mercadorias e pessoas entre 1870 e 1014.

1870 foi um princípio emblemático, combinando a fundação do Império Alemão, da Terceira República Francesa e marca o início das grandes imigrações da Europa para as Américas. Esse ciclo de globalização foi mais amplo e generoso do que o atual, que não inclui PESSOAS, só capitais e mercadorias.

Os ciclos de globalização se predispõem a redesenhos geopolíticos porque projetam novas áreas de influência que acabam influindo na política e na diplomacia.

O atual ciclo de globalização já mostra seu esgotamento marcado pela guerra comercial EUA x China e pelo BREXIT, mas a grande clivagem vem de seus efeitos deletérios sobre as pessoas. Ao se moverem capitais e fábricas cria-se o desemprego e, ao mesmo tempo, se fecham as fronteiras para as pessoas, criando zonas de enorme instabilidade porque os que querem emigrar encontram barreiras intransponíveis, o drama humano que hoje o mundo vive.

A crise do aquecimento global é parte integral agregada ao atual ciclo de globalização porque ela não tem fronteiras e afeta toda a geopolítica.

O Brasil, como País central da questão ambiental, é o alvo hoje preferencial da projeção de interesses dos Países ricos e sofrerá sérias consequências se não se ajustar à globalização ambiental, hoje alavanca da diplomacia e dos movimentos geopolíticos globais, um tema universal.

A última reunião do G-7 decidiu preparar uma CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE A AMAZÔNIA a se realizar no outono do Hemisfério Norte.

SOBERANIAS RELATIVAS E A QUESTÃO NUCLEAR

Para aqueles que tratam a soberania como se estivéssemos em 1900, há uma plataforma candente onde a soberania é relativizada. É a questão nuclear.

Um País, dentro de suas fronteiras, pode desenvolver tecnologia para fabricar uma bomba atômica? Depende. Está aí o Irã sofrendo mega sanções dos EUA por tentar desenvolver tecnologia nuclear, tema que é objeto de negociações internacionais que ULTRAPASSAM a questão de soberania territorial.

Essa plataforma se assemelha, na sua ultrapassagem da soberania tradicional, à questão ambiental, não é um tema que se esgota dentro das fronteiras de cada País porque os EFEITOS da questão afetam outros Países além-fronteiras. Há injustiças nessa questão?, claro que há, mas há também uma realidade.

O BRASIL MANDOU A MENSAGEM ERRADA SOBRE UMA QUESTÃO CENTRAL DA GEOPOLÍTICA

Avisar ao mundo que vamos desconhecer e desrespeitar a questão ambiental, sendo que nada ganhamos com isso, ao contrário, perdemos não SÓ o CAPITAL INTERNACIONAL da MARCA BRASIL que tem reflexos sobre as exportações, sobre a atração de investimentos, sobre o CRÉDITO FINANCEIRO do Estado brasileiro e das empresas brasileiras, sobre a qualidade da CULTURA NACIONAL e sobre o respeito que o País merece das demais nações, é um MAL NEGÓCIO para o Brasil e para os brasileiros. O País só perde, nada ganha, mas a questão também afeta internamente a população.

É lamentável que o imenso esforço que o Brasil vem desenvolvendo desde a primeira grande conferência ambiental internacional anfitrionada exatamente pelo Brasil, a ECO RIO 92, se perca pela combinação tóxica de ideologia com ignorância, um atentado à evolução da humanidade e aos interesses nacionais.



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