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O Brasil e o despertar do ódio


Publicado: 05/08/2015

Ascom Sindsep-PE

Por Isac Santos

O Brasil passa por um momento ímpar de retrocesso social diante da atual conjuntura política, econômica e midi- ática nacional. Nos últimos anos, havíamos conquistado importantes avanços. Mais respeito às diferenças e mais investimentos em programas sociais. Um período em que o racionalismo e a ação prática assumiram o lugar da esperança e da fé em utopias.

Mas nos últimos tempos, uma elite nacional reacionária e preconceituosa passou a mostrar suas garras e a dominar o discurso dos grandes meios de comunicação brasileiros, propagando o ódio contra os avanços sociais em todos os rincões do país. Ódio contra programas sociais e medidas que beneficiaram as classes menos favorecidas, como o Programa Bolsa Família, o aumento acima da inflação do salário mínimo, a regulamentação da atividade de empregada(o) doméstica(o) e os investimentos em escolas técnicas e universidades públicas. Aversão que descambou para um ódio de classe e de gênero e passou a contagiar cidadãos das mais diversas classes sociais brasileiras, desaguando nas redes sociais da internet.

Hoje, não só os ‘ricos’ odeiam ter que pagar salários mínimos para suas empregadas domésticas negras e vê-las viajando de avião e comemorando o ingresso de seus filhos em universidades. Boa parte da classe mé- dia se contaminou com essa ira. Odeiam assistir ao avanço das mulheres, dos negros e do grupo LGBT no cenário nacional, que cada vez conquistam mais vagas em cursos técnicos, universitários e no mercado de trabalho.

Um ódio com raízes profundas na formação escravocrata e machista do povo brasileiro, mas que tem sido alimentado diariamente pelos meios de comunicação e seus programas policiais, ‘jornalísticos’, de opinião e de humor. Uma ira que tem descambado facilmente para a violência física. Então passamos a assistir atônitos, por exemplo, a espancamentos, veiculados em redes sociais, praticados contra pobres, negros e mulheres Brasil afora. O mais recente deles resultou no assassinato coletivo de um homem negro e pobre, suspeito de um crime, espancado após ter sido amarrado em um poste de energia elétrica, neste mês de julho, no Maranhão.

Outro absurdo injustificável vitimou a pró- pria presidenta do Brasil. Um casal de pernambucanos está sendo investigado por ter produzido e comercializado na internet um adesivo criminoso, para ser colado na entrada do tanque de gasolina dos carros, com Dilma Rousseff de pernas abertas.

Mais do que atingir uma pessoa que ocupa o maior cargo do país, esses adesivos representam uma apologia ao estupro e uma naturaliza- ção da violência contra a mulher e contra o movimento feminista que luta há décadas contra o preconceito de gênero. Esse adesivo é apenas um exemplo do quanto a sociedade brasileira ainda é machista e desrespeitosa com as mulheres e do quanto esse machismo ainda tem que ser combatido para termos uma sociedade mais justa e igualitária.

Isac Santos é diretor de Imprensa do Sindsep-PE  
 



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