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10/10/2016
Por Tereza Cruvinel
Do Brasil 247
O Governo Temer joga tudo na manhã desta segunda-feira para aprovar na Câmara a PEC 241, que congela o gasto publico por 20 anos. São necessários 308 votos. Não chegaram a 300 os deputados que participaram ontem do jantar com Temer, organizado como demonstração de força. Para um domingo à noite, um grande feito. Para uma batalha de vida ou morte, o comparecimento não garantiu a vitória. “Mais e já se aprova a PEC”, disse Temer ao saudá-los. O problema são os oito. Ou melhor, são os outros, que não tendo ido ao convescote. Poderão votar contra ou favor.
Se a emenda passar na Câmara em primeiro turno, Temer terá contentado as forças de mercado que cobram sua disposição para adotar medidas amargas de ajuste fiscal. Depois, colherá os efeitos populares de uma medida que comprometerá os serviços públicos essenciais, como educação e saúde, desmontará a rede de proteção social criada nos últimos anos e invadirá a competência dos futuros governantes que, para se livrarem do cabresto, terão que aprovar outra emenda constitucional.
Há muitos anos, talvez desde a votação dos decretos do arrocho salarial imposto pelo FMI no tempo de João Figueiredo, o último ditador-presidente, um governo não jogava tão pesado, dentro e fora do Congresso, para aprovar uma medida econômica. O descalabro é obra do PT e “vamos tirar o Brasil do vermelho”, diz a campanha oficial. Sem a PEC o país vai para o abismo, dizem agentes do mercado e analistas da mídia. Aos congressistas, oferecem o discurso do caos e as vantagens do fisiliogismo. Aos críticos da medida, a lembrança da fragorosa derrota eleitoral sofrida pelo PT.
Governistas estão confundido a indiscutível rejeição aos candidatos petistas com sinal de aprovação ao Governo, embora os índices de Temer continuem magérrimos e o grande ganhador tenha sido o PSDB, não o PMDB. A derrota do PT decorre de sua desidratação moral, pelo que fez e pela forma como foi contado o que fez. Não guarda relação com expectativas positivas em relação ao Governo Temer, até porque o pleito ocorreu antes da abertura da caixa de Pandorga, que começa justamente agora, com a votação da PEC 241. Depois virão a reforma previdenciária, a trabalhista e, ainda que estas não venham tão cedo, a população sentirá os efeitos do congelamento do gasto público.
O caminho da emenda ainda é longo, faltando o segundo turno na Câmara e os dois turnos no Senado. Se ela passar, e produzir a retomada do pulso da economia, que persiste em estado comatoso, começarão a ser criadas as condições para uma vitória da coalizão conservadora liderada pelos tucanos na eleição presidencial de 2018. Temer terá cumprido o papel que lhe destinou PSDB nos acordos do golpe do impeachment. Terá sacrificado qualquer veleidade política, inclusive sucessória, para pavimentar o caminho dos aliados. Seu governo e passará a inspirar mais confiança aos agentes do mercado e do empresariado mas a popularidade e as chances de o PMDB emplacar um nome próprio na sucessão serão remotíssimas. Temer e os seus terão sido bois de piranha do projeto tucano. Se assim for, no futuro os peemedebistas hão de se perguntar: pois é, para quê?
O governo vai jogar pesado e a oposição, com pouco mais de 100 votos na Câmara, fará uma luta de guerrilha no plenário. Será a primeira grande batalha depois do golpe. Uma batalha que moldará o futuro e se refletirá na sucessão.
Tereza Cruvinel é colunista do Brasil 247 e uma das mais respeitadas jornalistas políticas do País
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