A eleição de Eduardo Cunha (PMDB) para a Presidência da Câmara Federal é mais uma prova do quanto o novo Congresso Nacional retroagiu no que se refere a ideais progressistas. O evangélico e radialista Eduardo Cunha, que entrou na política pelas mãos do tesoureiro do ex-presidente Fernando Collor, PC Farias, já se declarou contrário à democratização dos meios de comunicação, que promoveria a quebra dos grandes monopólios e oligopólios midiáticos. Também tem posições reacionárias quanto a temas como homofobia e aborto.
Ele também é um dos grandes críticos do financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais, o principal tema da Reforma Política. Cunha foi o candidato que teve uma das campanhas mais caras, gastando R$ 6 milhões. Dinheiro financiado, sobretudo, por grandes empreiteiras. Empresas que agora deverão cobrar o investimento feito com altos ‘juros’.
Além disso, com a sua vitória e a reeleição de Renan Calheiros, também do PMDB, no Senado, seu partido poderá cobrar um ‘preço’ mais alto pelo alinhamento ao governo. Após as eleições, a presidente Dilma Rousseff convocou seus principais ministros para traçar estratégias visando reaglutinar sua base parlamentar. Depois de eleito, Cunha disse que não será “refém” do governo, em um recado claro.
Levando em consideração que depois de participar do Governo Collor e do governo de Antony Garotinho, no Rio, Cunha bandeou-se para o lado de Cabral e Pezão, pode-se chegar a conclusão que seus alinhamentos relativos aos governos são mutáveis e ‘negociáveis’. Recentemente, em entrevista, o ex-ministro Ciro Gomes, se referiu a ele como o “picareta mor”. Pode-se acreditar então que a barganha terá que ser amplificada.
CONGRESSO A DIREITA X TRABALHADORES
Mas como Eduardo Cunha chegou à Presidência da Câmara? Ele teve o voto de 267 dos 513 deputados e derrotou os outros três concorrentes: o candidato do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que teve 136 votos; Júlio Delgado (PSB-MG), que teve 100 votos; e Chico Alencar (PSOL-RJ), que teve oito.
Ora... a reposta para essa questão é óbvia. Logo após as eleições, o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) lançou a radiografia do novo Congresso Nacional, destacando que os novos deputados e senadores eleitos formam a bancada mais reacionária desde o período da ditadura militar.
Qual a conclusão que os trabalhadores poderão chegar diante desse cenário? A de que deverão envidar grandes esforços para manter seus direitos e garantir novas conquistas. A união dos trabalhadores se faz mais necessária que nunca. Em tempos de reajuste fiscal, se não forem às ruas, defender nossos interesses, serão engolidos pelo Congresso e pela elite financeira nacional, que não deixará de pressionar o governo Federal.
Como o governo trabalha administrando pressão, temos que exercer nossa força. Os representantes dos servidores federais já lançaram o calendário de ações da campanha eleitoral 2015. Faz-se necessária a participação de todos em cada um dos atos nacionais e estaduais para que possamos avançar.
Veja
aqui o calendário completo