A perda é de 19,99% em três anos, mas o governo fala em apenas 5%

Até 5% dá! Essa afirmação foi feita pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, na madrugada desta quarta-feira (25). Paulo Guedes se referia a reposição inflacionária dos servidores públicos federais que estão há mais de cinco anos sem qualquer tipo de reajuste. Só nos primeiros três anos do governo Bolsonaro foi registrada uma inflação de 19,99%. E é este percentual que a categoria quer que seja reposto. 

“Chega um momento em que não dá mais para aguentar. A inflação descontrolada está corroendo os nossos salários mês a mês. Alimentos, tarifas públicas, combustíveis e tudo o mais está aumentando demasiadamente. Enquanto isso, nossos salários não acompanham nem a inflação”, destacou o coordenador-geral do Sindsep-PE, José Carlos de Oliveira. 

A inflação dos últimos cinco anos já reduziu os salários da massa dos servidores federais em mais de 40%. Paulo Guedes diz que a inflação deste ano foi de 5%. Mas ele escolheu, muito espertamente, apenas os primeiros meses de 2022. No acumulado de 12 meses, o índice de inflação já chega a 12,3%; e a projeção do mercado para o ano completo de 2022 é de 7,89%, segundo a última pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central, mas analistas projetam uma inflação mais perto de 9%. Além disso, Guedes ignora a inflação de 2019, 2020 e 2021, quando a política de reajuste zero foi aplicada. 

Depois, em outra declaração, o ministro disse que o aumento de 5% para o funcionalismo público é o único possível e que seria factível dentro do atual Orçamento. Sobre as grandes perdas acumuladas, foi categórico: “Você pode até dar alguma coisa, mas esquece o que ficou para trás”.

O Governo alega que não tem recursos. Mas há um ano, o presidente Jair Bolsonaro e seus ministros passaram a receber salários com um aumento de até 69%. O aumento foi dado pelo próprio governo por meio de uma portaria editada em abril de 2021. Em maio, a diferença salarial já havia sido implantada. A mudança permitiu que o presidente, o vice-presidente, Hamilton Mourão, ministros e assessores passassem a receber acima do teto constitucional de R$ 39,2 mil. Na prática, o teto total para essas pessoas passou a ser de R$ 78.586,64 por mês.  

Além disso, este ano, o governo destinou R$ 37,6 bilhões para emendas parlamentares, dos quais R$ 16,5 bilhões são do "orçamento secreto", além de R$ 2 trilhões para pagar os juros da dívida pública.  

Em Davos, Paulo Guedes chegou ao cúmulo de colocar a culpa das perdas salariais na guerra. “Perdas acontecem: tem uma guerra e as pessoas perdem um pouco. Todo mundo perdeu, no mundo inteiro”, disse o ministro. Mas a guerra da Ucrânia completou três meses nesta semana (o primeiro ataque russo foi anunciado em 24 de fevereiro deste ano) e o congelamento salarial foi imposto desde 2016, quando foi dado um golpe no Brasil e Dilma Rousseff (PT) foi retirada da Presidência da República. 

O último reajuste salarial dos servidores foi concedido durante o governo da presidenta Dilma. Na época, foi negociado um aumento de cerca de 10,8% para várias carreiras de servidores civis federais, parcelado ao longo de dois anos (2016 a 2017). Outras categorias chegaram a receber cerca de 20%. Os servidores também conquistaram a incorporação de 100% da gratificação de desempenho e da Gacen à aposentadoria. 

Já nos três anos e meio de governo de Jair Bolsonaro (PL) nada foi oferecido a servidores e servidoras a não ser precarização do trabalho e desmonte dos serviços públicos.

MTP-PE
Nesta sexta-feira (27), haverá uma Assembleia Geral Extraordinária, através da plataforma ZOOM, com os servidores do Ministério do Trabalho e Previdência (MTP) de Pernambuco. O encontro acontecerá às 10h, em primeira convocação e, na falta do quórum necessário, às 10h30, com qualquer número de presentes. Na pauta: informes da Campanha Salarial 2022 e deflagração de Greve. O link da reunião será divulgado no site do Sindsep (www.sindsep-pe.com.br) neste dia 27.