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SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS NO ESTADO DE PERNAMBUCO
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Publicado: 25/11/2025
Do Brasil 247
A movimentação política em torno da indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF) ganhou novos contornos com a ofensiva do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). O senador tem sinalizado a líderes do Congresso que pretende acelerar o rito e levar a indicação ao plenário ainda antes do recesso parlamentar de 23 de dezembro.
A estratégia, apontou Malu Gaspar, do jornal O Globo, busca impedir que Messias articule apoios entre lideranças evangélicas, integrantes do governo e ministros do Supremo — movimento considerado decisivo para superar a resistência à sua nomeação. Para assegurar a vaga, o advogado-geral da União depende de ao menos 41 votos entre os 81 senadores.
Disputa de bastidores e memória do caso Mendonça
A interlocutores, aliados de Alcolumbre afirmam que a antecipação da sabatina pretende evitar a repetição do que ocorreu em 2021, quando o então indicado André Mendonça teve quatro meses para reverter votos durante a demora imposta pelo próprio presidente do Senado. Mendonça acabou aprovado por 47 votos e, naquela ocasião, Alcolumbre enfrentou ataques de pastores amapaenses que o acusaram de travar a ascensão do candidato “terrivelmente evangélico”.
Desta vez, o senador voltou a demonstrar contrariedade com o nome escolhido para o STF. Alcolumbre teria preferido alternativas como o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) ou o ex-procurador-geral da República Augusto Aras. Um aliado sintetizou o atual cenário ao afirmar: “Por ora, Alcolumbre trabalha contra [Messias]. Mas se [a sabatina] ficar pro ano que vem, é capaz dele se realinhar com o governo”.
Reação após o resultado apertado de Gonet
O clima ficou ainda mais tenso após a recondução do procurador-geral da República, Paulo Gonet, aprovada por apenas 45 votos — o placar mais apertado desde a redemocratização. O resultado acendeu o alerta no governo e serviu de termômetro para a dificuldade que Messias enfrentará. Entre senadores próximos de Alcolumbre, o recado estaria claro: o ambiente no Senado é de maior resistência ao Palácio do Planalto.
Um parlamentar ouvido pelo jornal avaliou que “os ânimos estão quentes e o governo não está entregando sequer para os seus”, mencionando a pressão por liberação de emendas e cargos. E acrescentou: “Eu vejo um cenário de muito risco de rejeição do Messias”.
Tentativas de distensão e apoio de Mendonça
André Mendonça se comprometeu a auxiliar Messias na tentativa de reduzir rejeições, especialmente entre a ala bolsonarista e parlamentares que o classificam como “quadro ideológico do PT”. Ambos evangélicos, Messias — da Igreja Batista — e Mendonça — pastor presbiteriano — compartilham interlocução com grupos religiosos influentes no Senado.
Em gesto público, Messias divulgou carta a Alcolumbre afirmando que ambos “poderão aprofundar o diálogo” e buscar “soluções institucionais que promovam a valorização da política”. A resposta de Alcolumbre, porém, foi estritamente institucional: o senador destacou que o Senado cumprirá sua prerrogativa constitucional e que a indicação será apreciada “no momento oportuno”, sem mencionar prazos.
Mapeamento de votos e leitura política
Segundo aliados de Alcolumbre, Messias teria hoje entre 28 e 31 votos consolidados — número insuficiente para assegurar a vaga e que reflete preferências de parte do Senado por Rodrigo Pacheco, apontado como “candidato da Casa”.
Em entrevista à GloboNews, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), reconheceu o desafio: “Nesse primeiro momento, há muita coisa emotiva que precisa ser respeitada, mas depois que isso esfria um pouco, acho que as pessoas vão encarar como uma prerrogativa do presidente”. E completou: “Eu vou trabalhar para ele ser aprovado, até porque a exceção é lá do comecinho da República”.
O movimento das próximas semanas será decisivo para definir se a votação ocorrerá ainda este ano ou ficará para 2026, cenário que pode alterar alianças e tensões no Senado, com impacto direto no futuro de Messias e na composição do Supremo Tribunal Federal.