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SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS NO ESTADO DE PERNAMBUCO
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Publicado: 02/10/2025
Do GGN
O mundo está assistindo em tempo guerra a uma mudança profundo no complexo militar de guerra por meio de avanços tecnológicos que permitem que a mesma lógica usada pelas Big Techs para impactar usuários das redes sociais com publicidade seja também usada para mapear alvos de guerra.
Esse processo de traçar estratégias de guerra com base em dados levantados com ajuda de Big Techs já apresenta implicações profundas no cenário global hoje, inclusive alterando a ética e a natureza das guerras modernas. Essa é a avaliação do sociólogo e pesquisador Sérgio Amadeu, que está lançando o livro “As Big Techs e a guerra total: O completo militar-industrial-dataficado”, pela editora Hedra.
Em entrevista ao jornalista Luis Nassif, para o canal TVGGN, no Youtube [assista AQUI], Amadeu analisou e apresentou informações sobre a mudança no papel das big techs em meio a guerras contemporâneas, como o massacre perpetrado por Israel na Faixa de Gaza contra o povo palestino. Amadeu comentou que empresas como Amazon e Microsoft já detêm departamentos de Defesa para firmar contratos bilionários com a Casa Branca e o governo de Israel, possivelmente para trabalhar no uso de dados e inteligência artificial na identificação de alvos de guerra.
Durante a pesquisa para o livro, Amadeu encontrou material de referência sobre generais israelenses apontando a necessidade de se ter a definição de alvos da “população inimiga” antes mesmo de começar qualquer guerra, assim como o Google já na sua mira as pessoas que deseja atingir com publicidade.
Nos últimos anos, essa parceria entre as grandes empresas de tecnologia e os governos foram denunciadas pelos próprios funcionários das big techs, disse Amadeu. No caso de Israel, suspeitas foram levantadas ainda em 2021, antes de estourar a série de ataques aos palestinos numa alegada guerra contra o Hamas.
“Provavelmente essas big techs montaram a estrutura de nuvens para Israel e levaram os algoritmos e aprendizes de inteligência de máquina. Serviram à fixação de alvos com dados tirados das redes sociais. Eles deram o modelo de quem seriam [os alvos], qual seria o perfil de um dirigente do Hamas, um intermediário do Hamas, um militante do Hamas e um simpatizante do Hamas.”
Foi assim que, na visão de Amadeu, Israel atingiu pessoas em casa, independente de quem estava junto. Ele chama atenção especial justamente para as ações de guerra que se dão fora do campo de batalha tradicional.
“Um dos programas de geolocalização que se juntava com programas de identificação, se chamava Where is dad. Ou seja, eles atingem o cara fora da área de combate, o que também me leva a trazer as ideias (…) de que esse tipo de ação altera a ética da guerra”, disse Amadeu.
“O que Israel e EUA estão fazendo, atingindo o inimigo fora da área de combate, é a arte do extermínio. Há uma alteração no completo militar industrial.”
Amadeu batizou o modelo de “complexo militar industrial dataficado”. Este complexo não é mais caracterizado apenas por empresas tradicionais que fabricam armas, mas inclusão ativa de empresas que utilizam IA e drones para identificar e atingir prováveis inimigos.
Para Amadeu, há uma tendência à apropriação definitiva do Estado americano pelas grandes corporações. Executivos das BigTechs estão assumindo cargos relevantes no Pentágono, sendo nomeados como oficiais generais, disse o pesquisador, alertando para o risco à soberania de países que fazem uso dessas plataformas.