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SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS NO ESTADO DE PERNAMBUCO
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Publicado: 25/11/2025
Do GGN
Em entrevista ao jornalista Luis Nassif para o programa TV GGN 20H desta segunda-feira, 24, João Cezar de Castro Rocha fez uma previsão da extinção do bolsonarismo e da figura de Jair Bolsonaro no cenário político nacional, mas alertou para um cenário contrário que pode bagunçar o tabuleiro para 2026.
Para o escritor e historiador, o bolsonarismo e a figura do ex-presidente já apresentam sinais claros de enfraquecimento perante a opinião pública. A esvaziada vigília organizada em frente ao condomínio Solar de Brasília 2, onde o ex-presidente Jair Bolsonaro cumpria prisão domiciliar, e as manifestações de pouco impacto em frente à sede da Polícia Federal são sinais desse declínio.
A falta de comoção popular mais enfática em sua defesa, algo que já foi visto em outras etapas históricas do Brasil, como as ocupações em frente aos quartéis após a vitória de Lula em 2022, demonstram o derretimento do bolsonarismo como força política. Castro Rocha exemplifica: “os caminhoneiros não pararam o país”.
Fragilidade física e mental
No cenário atual, o fim do mito é questão de tempo, visto as rusgas na imagem do líder. Mas o momento é extremamente delicado. O ex-presidente tem uma saúde frágil e, em momentos em que a Justiça foi de encontro a ele, o hospital já foi local para intimações. Bolsonaro também tem apresentado fraqueza mental, especialmente nos últimos dias em que esteve em prisão domiciliar.
O caso-chave é a tentativa de romper a tornozeleira. Mesmo que se sustente a tese de que ele tenha rompido o equipamento por surto, curiosidade ou, segundo a versão oficial da Polícia Federal, por um plano de fuga, em todas as situações há sinais de um homem em conflito, mentalmente fragilizado e com saúde debilitada.
E, para João Cezar de Castro Rocha, é nessa fragilidade que se sustenta a única possibilidade de reverter a queda do bolsonarismo.
Mito, a vítima
O grande receio do analista é a vitimização da figura de Bolsonaro como fato político para 2026. Uma vitimização com um acontecimento concreto que possa ocorrer durante o período em que está preso. Em 2018, já se viu o impacto do fato político da facada, quase fatal, que o levou à presidência.
Castro Rocha defende a tese de José Dirceu, duramente criticado pela entrevista concedida à BBC News Brasil, em que afirma: “Bolsonaro não tem condições de ir para a prisão comum”.
Não se trata de pura compaixão com uma figura em deterioração física e imagética. Existe um cálculo para evitar a criação de fatos políticos que possam vingar a narrativa de vítimização de Bolsonaro.
“Não podemos permitir a vitimização de Bolsonaro.”
Ele analisa que, em prisão domiciliar, com atendimentos médicos constantes, não haveria espaço para uma vitimização. E completa: “Se tiver um acontecimento concreto…”, como no caso da facada, “um mártir pode mudar o rumo político de uma nação.”
O falso messias
A figura de Jair Bolsonaro, como o messias salvador, também tem rusgas. Como aponta Castro Rocha, um líder messiânico morre pela causa, no caso do ex-presidente existe uma inversão de papeis.
“Bolsonaro é um líder messiânico que sacrifica a causa para salvar a própria pele.”
Ele cita a atitude de Carlos Marighella, líder da Ação Libertadora Nacional, após o sequestro de um embaixador americano. Como a repressão seria muito forte, inúmeras oportunidades foram dadas a ele para sair do país. A resposta de Marighella foi “Um comandante morre com as suas tropas”. Ele ficou no Brasil sabendo que estava condenado, conclui Rocha.
Diversos são os exemplos de lideranças que marcaram a história pelo sacrifício em prol da causa.
Dessa forma, Castro Rocha conclui que a diferença essencial entre Bolsonaro e as figuras messiânicas bíblicas, como Jesus, que aceitou a prisão e a morte em nome de uma causa coletiva, está no fato de que o ex-presidente procura preservar a própria sobrevivência política, e não o ideal que o projetou como líder.