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Com a corrupção investigada, Bolsonaro ameaça a democracia


Ao eleger um político sem qualquer responsabilidade com as instituições republicanas e nenhum apreço pelas liberdades democráticas, o povo brasileiro tomou a decisão mais arriscada da sua história

Publicado: 09/07/2021


Ao eleger um político sem qualquer responsabilidade com as instituições republicanas e nenhum apreço pelas liberdades democráticas, o povo brasileiro tomou a decisão mais arriscada da sua história. A nossa democracia não merecia o que está acontecendo. No momento em que uma série de suspeitas de corrupção do governo Bolsonaro estão vindo a tona e que sua popularidade despencou, o presidente do Brasil volta a ameaçar o país ao afirmar que "Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições". 

Na verdade, o presidente tem feito várias afirmações falsas sobre a lisura das eleições brasileiras para tentar aprovar o voto impresso. Este sim, muito mais fácil de fraudar do que urnas eletrônicas que, além de digitalizar cada voto, imprimem todos eles para o caso de haver necessidade de uma conferência.     

Paralelamente a essa jogada, Bolsonaro mandou emissários ao Congresso Nacional para afirmar que a “cúpula das Forças Armadas Brasileiras” está insatisfeita com a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga os desvios do governo no combate à pandemia do novo coronavírus. Esses emissários procuraram o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para dizer que a cúpula militar poderia “dobrar a aposta” caso houvesse novas declarações alusivas a atos de corrupção praticados por membros das Forças Armadas. Algo impensável em qualquer democracia do mundo. As Forças Armadas ameaçarem o Congresso para evitar declarações sobre malfeitos praticados por alguns de seus membros. 

“O dobrar a aposta se refere às declarações que vêm sendo feitas pelos integrantes da CPI e representantes das Forças Armadas em um embate como não se via no Brasil há muito tempo. Uma pena que isto esteja acontecendo. E só chegamos a este patamar porque Bolsonaro foi eleito. Não há mais condições de sua permanência na Presidência da República. Ou ele sai ou a democracia brasileira poderá ser destruída”, comentou o coordenador-geral do Sindsep-PE, José Carlos de Oliveira.  

O mal-entendido

Em sessão da CPI da última quarta-feira (07), durante depoimento do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias, o senador Omar Aziz (PSD) afirmou que “fazia tempo que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo”. O presidente da CPI estava se referindo às investigações sobre os casos de corrupção no Ministério da Saúde que estariam envolvendo militares como o ex-secretário executivo, Elcio Franco.  E a reação das Forças Armadas deveria ter sido no sentido de defender as investigações. Afinal, a sua função é a de proteger a soberania nacional e não ameaçar outros poderes. Mas não foi isso que aconteceu. 

Um trecho da nota emitida pela cúpula militar, em seguida, dizia que: “O ministro de Estado da Defesa e os Comandantes da Marinha do Brasil, do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira repudiam veemente as declarações do Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, Senador Omar Aziz, desrespeitando as Forças Armadas e generalizando esquemas de corrupção. Essa narrativa, afastada dos fatos, atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável”. 

Enquanto isso, Roberto Dias procurou a cúpula da CPI da Covid dizendo ter informações reveladoras. Ele preparou um dossiê que conteria provas de que os ministros militares Braga Netto, ex-Casa Civil e atual titular da Defesa, e Luiz Eduardo Ramos, ex-secretário de Governo e atual Casa Civil, pressionavam os integrantes do Ministério da Saúde a receber os intermediários das vendas de vacinas suspeitas. 

Ameaça comunista?

Segundo reportagem do Correio Braziliense, um dia antes de assinarem a nota contra a declaração do senador Omar Aziz, os comandantes das Forças Armadas participaram de uma reunião-almoço no Palácio do Planalto com Jair Bolsonaro. A cúpula do governo estava no encontro, com a presença de ministros civis. Na ocasião, foram projetados vídeos sobre o dia 03 de julho, quando os brasileiros foram às ruas pedindo o impeachment de Bolsonaro, e houve discursos sobre a “ameaça comunista” ao país.

“Na verdade, não existe ameaça comunista. O que existe é a insatisfação do povo brasileiro contra o pior governo da história. Contra as mortes provocadas pela irresponsabilidade no combate à pandemia, contra o desemprego e a fome que assolam o país. O que a população espera é que as Forças Armadas se afastem de vez deste governo”, concluiu José Carlos. 
 

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