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Como a operação Carbono Oculto espalhou pânico na direita


Operação foi ação integrada da Receita, MP-SP, MPF, PF e polícias estaduais que desbaratou braços do crime organizado em oito estados

Publicado: 12/11/2025

Do GGN

A Operação Carbono Oculto tem sido apresentada por autoridades fiscais e policiais como a maior ação integrada contra o crime organizado no setor de combustíveis, envolvendo Receita Federal, MP-SP, MPF, PF e polícias estaduais, com 350 alvos em oito estados, identificação de 40 fundos com R$ 30 bilhões e movimentação de R$ 52 bilhões em postos usados para lavagem de dinheiro entre 2020 e 2024. Em 5/11, o desdobramento “Carbono Oculto 86” interditou 49–50 postos no Piauí, Maranhão e Tocantins, mapeando uso de empresas de fachada, fintechs e fundos, com R$ 5 bilhões em movimentações atípicas e apreensão de bens e uma aeronave.

O sucesso da operação provocou uma rápida reação da ultradireita. Primeiro, com as chacinas da Penha e do Morro do Alemão, uma ação articulada entre o governo do Rio, polícia e Ministério Público Estadual, seguido de um apoio imediato de quatro governadores de direita – Ronaldo Caiado, Tarcísio de Freitas, Romeu Zema e Jorginho Mello.

Coube a Tarcísio de Freitas deixar suas impressões digitais na ação mais ostensiva, para impedir a atuação da Polícia Federal contra o crime organizado, ao liberar seu Secretário de Segurança, Guilherme Derrite, para apresentar um substitutivo à PEC da Segurança do governo.

O PL Antifacções e o substitutivo de Guilherme Derrite

O governo enviou à Câmara o PL Antifacções para endurecer a legislação e fomentar a integração, mas o substitutivo do relator, deputado Guilherme Derrite, gerou forte reação por limitar a autonomia da PF e deslocar o eixo para estados, inclusive ao flertar com alterações na Lei Antiterrorismo e condicionar a atuação conjunta da PF a provocação de governadores.  

Ficou nítida a intenção de anular a ação da PF contra as organizações criminosas, justo no dia em que apareciam mais indícios contra dirigentes políticos do União Brasil.

Após pressão pública e institucional, Derrite recuou e divulgou uma terceira versão, retirando a equiparação a terrorismo, preservando as competências da PF e criando um diploma autônomo para o combate a facções, com penas elevadas e instrumentos de bloqueio de bens; alterações foram protocoladas no dia 11, apontadas como tentativa de consenso para votação entre 11 e 12/11. Ainda assim, houve registro de três versões em sequência e ajustes de última hora para manter a atuação federal sem necessidade de aval de governadores.

A disputa política e as narrativas de “blindagem”

PEC da Segurança Pública e integração federativa

A PEC proposta pelo Ministério da Justiça tem sido defendida como estruturante para criar um sistema único de segurança pública, consolidar fundos (FNSP e Funpen), corrigir a baixa integração de dados entre estados e incentivar operações de inteligência que desarticulam finanças sem confrontos letais; governadores do Nordeste manifestaram apoio, enquanto críticos liberal-conservadores acusam centralização excessiva e risco ao pacto federativo. A meta declarada por articuladores do MJSP é rotinizar ações integradas como a Carbono Oculto, com bloqueios bilionários e cooperação interinstitucional.

As investigações da Carbono Oculto documentaram a infiltração em toda a cadeia de combustíveis, uso de fintechs como “banco paralelo” e blindagem patrimonial via fundos e holdings, além de adulteração e sonegação massivas; desdobramentos alcançaram operadores financeiros na Faria Lima e expansão para Norte/Nordeste, ilustrando o caráter transnacional e multissetorial (combustíveis, finanças, apostas) que demanda coordenação federal e internacional contínua.

O que observar nos próximos passos

  • Texto final do PL Antifacções: conferir se a versão a ser votada mantém íntegra a autonomia e competência da PF, sem condicionantes estaduais, e se incorpora mecanismos de perdimento civil de bens e instrumentos de inteligência financeira robustos.
  • Tramitação da PEC da Segurança: acompanhar negociações sobre integração de dados, governança do sistema único e limites federativos, buscando equilíbrio entre coordenação nacional e autonomia estadual.
  • Novos desdobramentos da Carbono Oculto: operações em praças financeiras e setores regulados (fintechs/fundos) tendem a avançar, exigindo regulação e troca automatizada de informações para sufocar fluxos ilícitos.


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