Publicado no Brasil 247
Em uma manobra para beneficiar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, os integrantes da cúpula da CPI da Petrobras barraram a convocação de envolvidos no esquema de desvios e corrupção na estatal que poderiam implicá-lo no esquema investigado pela Operação Lava Jato. A CPI também aprovou requerimentos para pressionar a família do doleiro Alberto Youssef, que fez uma série de denúncias contra o presidente da Câmara.
Apesar de não existir nenhum indício do envolvimento de familiares do doleiro no caso, a CPI aprovou requerimentos do deputado e aliado de Cunha, Celso Pantera (PMDB-RJ), para quebrar os sigilos fiscal, bancário e telefônico das duas filhas, da esposa e da irmã de Youssef. A manobra visa desgastar e pressionar psicologicamente o doleiro.
Em sua delação premiada à Justiça, Youssef disse que Cunha se beneficiava do esquema investigado na Petrobras e que aliados do parlamentar teriam apresentado requerimentos para pressionar uma das empresas envolvidas a reatar o esquema de pagamento de propinas.
Em uma outra manobra, a CPI também aprovou a convocação do delegado da Polícia Federal Dalmey Werlang, que teria implantado uma escuta na cela de Youssef, o que pode fragilizar as provas obtidas pelos agentes federais.
O presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), que também é aliado de Cunha, não convocou três personagens que poderiam complicar a situação do presidente da Câmara. Não foram convocados a depor o empresário e delator da Lava Jato Júlio Camargo, responsável pelo contrato do qual Cunha é apontado como beneficiário, o ex-policial federal Jayme Alves de Oliveira, que teria entregue dinheiro ao parlamentar e a ex-deputada Solange Almeida, responsável pelo requerimento suspeito.