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Dissertação de mestrado de Elisa Urbano discute equidade de gênero e luta das mulheres indígenas


O objetivo da pesquisa foi compreender como se dá a construção da igualdade de gênero entre as lideranças indígenas em Pernambuco, considerando o espaço de poder dentro e fora da aldeia

Publicado: 18/09/2019


Mulheres Lideranças Indígenas em Pernambuco – Espaço de poder onde acontece a equidade de gênero. Esse é o título da dissertação de Elisa Urbano, representante do povo Pankararu, etnia que vive no Sertão de Pernambuco. Elisa defendeu seu estudo, na semana passada, no Programa de Pós-Graduação em Antropologia, na UFPE, sendo aprovada e muito elogiada pelo ineditismo do tema e pela ousadia em discutir um assunto até certo ponto tabu, que é a relação de poder, o patriarcado e o feminismo no universo indígena.

O objetivo da pesquisa foi compreender como se dá a construção da igualdade de gênero entre as lideranças indígenas em Pernambuco, considerando o espaço de poder dentro e fora da aldeia. Elisa dividiu o estudo em quatro capítulos. No primeiro, ela resgatou a sua experiência pessoal, convivência com as mulheres na infância, os rituais, como as índias conduziam as lutas, o contato com parteiras, curandeiras..., capítulo que recebeu o título de Do tronco velho aos estudos feministas.

Embora reconheça a influência do patriarcado e do machismo nas aldeias, Elisa mostra a existência de equidade entre homens e mulheres, tendo as mulheres como guardiãs dos ensinamentos sagrados, a mãe de toda a criação. Há casos, inclusive, em que as indígenas, de outras etnias, assumem a função de pajés e caciques.

No segundo capítulo, a autora traz à tona os esforços para as mulheres indígenas ocuparem espaço de poder em Pernambuco. Nessa etapa da pesquisa, é possível perceber como as lideranças femininas vão se construindo nos campos da educação, saúde e luta pela terra. A pesquisa deixa claro que essas mulheres não se intimidam com as frequentes ameaças de posseiros, que visam se apropriar do território indígena. “Mesmo assim, elas conduzem suas lutas impondo respeito e com a mesma voz dos homens”, ressaltou Elisa.

O terceiro capítulo da dissertação se volta para a relação das mulheres indígenas com a Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), na luta pelo território e políticas públicas. Por fim, a pesquisa traz no quarto capítulo todo o referencial teórico que Elisa utilizou para conferir à pesquisa um rigor conceitual e acadêmico.

Ela explicou a dificuldade de encontrar autores que tratassem especificamente do feminismo indígena. No entanto, o conceito de feminismo comunitário lançou luz às reflexões presentes sobre o estudo, uma vez que essa categoria tem origem na Bolívia, Colômbia, Guatemala e México, e tem sido utilizada em estudos cujos objetos são mulheres indígenas. O feminismo comunitário define o movimento indígena como uma ação e não como pensamento e se apresenta contra o patriarcado em todos os espaços.

A diretora do Sindsep-PE, Inalda Laurentino, assistiu à defesa de Elisa Urbano, de quem acompanhou a trajetória de luta e de formação desde muito nova. “Elisa sempre gostou de estudar e nós, da Funai, fizemos nosso papel: incentivar e abrir espaço para que ela chegasse aonde chegou. Estamos muito felizes com mais essa conquista”, comentou Inalda, que, em nome do Sindicato, homenageou a mais nova mestre com um ramalhete de flores.
 

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