SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS NO ESTADO DE PERNAMBUCO

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Ditadura faz parte do passado. Não podemos permitir uma nova aventura


O movimento sindical foi um dos mais perseguidos. Muitos sindicatos fecharam suas portas. A greve foi proibida e a luta sindical por melhoria das condições de trabalho e renda foi abafada. Os servidores públicos não podiam constituir sindicatos

Publicado: 31/03/2021
Escrito por: Ascom Sindsep-PE



Há 57 anos, no dia 31 de março de 1964, o Brasil viu nascer um dos períodos mais sombrios e violentos da sua história. Foi naquela data que tanques de guerra do Exército brasileiro tomaram as ruas do Rio de Janeiro para depor o presidente João Goulart e implantar uma ditadura militar que duraria até 1985. Durante este período, em que a repressão militar vigorou no Brasil, os direitos mais fundamentais ao ser humano foram violados, como o direito à liberdade, à expressão de pensamento e à informação. 

Foram anos de perseguições a partidos e políticos de esquerda e a democratas de direita, a juízes isentos, a militares e empresários nacionalistas, a diversos meios de comunicação, a padres progressistas e a qualquer entidade ou indivíduo que levantasse a voz contra o sistema político, econômico e social imposto pelos militares. 

O movimento sindical foi um dos mais perseguidos. Diversos sindicatos se transformaram em associações de trabalhadores para práticas de lazer. Muitos outros fecharam suas portas. A greve foi proibida e a luta sindical por melhoria das condições de trabalho e renda foi abafada.  

Os servidores públicos não podiam constituir sindicatos. Os trabalhadores brasileiros tinham que acatar todas as decisões dos patrões. O arrocho salarial foi um dos mais pesados da nossa história e quem se insurgiu contra a situação desapareceu. Depois de anos, descobrimos que muitas lideranças dos trabalhadores foram mortas nos porões da ditadura.  

Para implantar o golpe, que foi articulado a partir dos Estados Unidos da América (EUA), os generais do Exército afirmaram que estavam protegendo o Brasil do “comunismo”. Boa parte dos brasileiros e brasileiras caiu nessa desculpa esfarrapada que é reproduzida até hoje. Os EUA não queriam o crescimento e desenvolvimento de um país, do porte do Brasil, na América Latina. João Goulart estava implantando reformas de base, o que incluía mudanças administrativas, fiscais e agrárias que iria modernizar o país.   

Mas mesmo com todos os obstáculos, a luta dos trabalhadores e do movimento operário não parou. O movimento saiu de seu apogeu pré-ditatorial e entrou em um período tortuoso para renascer dentro das fábricas. No interior das fábricas a chama da resistência foi acesa. Com a reaparição na cena política das entidades sindicais, os trabalhadores contribuíram decisivamente para o fim do período de Ditadura Militar e implantação da redemocratização no país, participando ativamente na luta pelo estabelecimento de uma Assembleia Nacional Constituinte e por eleições diretas e livres (diretas já). Desde então, o movimento sindical reassumiu o papel político e social do qual foi privado. 

Um novo golpe? 

Hoje, 57 anos depois do golpe, assistimos ao surgimento de uma nova perseguição ao movimento sindical organizado e uma grande ameaça à democracia brasileira por parte do presidente eleito Jair Bolsonaro. Desde que assumiu o poder, devido a sua incapacidade de governar o país, Bolsonaro se cercou de militares e ameaça a democracia com um novo golpe todas as vezes que a sua permanência no poder se torna insustentável diante de tantas irregularidades praticadas. 

Em levantamento de julho de 2020, o Tribunal de Contas da União apontou que existiam, até aquele momento, 6.157 militares em funções civis na administração pública federal. 

Com a recente troca do ministro da Defesa - o general Fernando Azevedo e Silva pelo general Walter Souza Braga Netto -, os três comandantes das Forças Armadas: Edson Pujol (Exército), Ilques Barbosa (Marinha) e Antônio Carlos Moretti (Aeronáutica), colocaram seus cargos à disposição. Aproveitaram a ocasião para um recuo estratégico na tentativa de livrar a imagem dos militares da responsabilidade sobre a tragédia genocida do governo Bolsonaro ocasionada pela falta de combate à pandemia do novo coronavírus, que já provocou mais de 318 mil mortes no Brasil. Tragédia que teve a contribuição direta dos militares por meio do general Eduardo Pazuello e seus assessores. 

Mas a mudança de cartas não significa afastamento dos militares do governo ou uma forma de dar um basta ao golpismo de Bolsonaro. Os mais de 6 mil militares não estão entregando seus cargos. Inclusive, ao assumir a Defesa, Braga Netto editou uma Ordem do Dia sobre o golpe de 1964. O documento, que trata o golpe como um movimento para assegurar a democracia, afirma que ele deve ser celebrado! Azevedo e Silva já havia feito o mesmo antes.  

Por isso, a classe trabalhadora brasileira precisa estar atenta aos movimentos do presidente para enfrentar todas as suas manobras em mais uma aventura contra a democracia brasileira. O Sindsep-PE reafirma: ditadura e tortura nunca mais!    
  

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