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Em nota, CUT denuncia golpe na Bolívia


O Sindsep-PE ratifica a nota da CUT e repudia o golpe contra o presidente Evo Morales, obrigado a renunciar e se exilar no México. É preciso enfrentar as tentativas ditatoriais e fortalecer a democracia em toda a América Latina

Publicado: 13/11/2019

Bolivianos ocupam as ruas em repúdio ao golpe dos fascistas contra o presidente Evo Morales


A democracia na América Latina está fortemente ameaçada. O golpe na Bolívia é o ápice de um processo que vem crescendo em toda a região: as forças autoritárias, conservadoras e ultraliberais – sob o comando do presidente americano Donald Trump - não conseguem conviver com a democracia e a justiça social. 

Essa característica da América Latina é fruto de uma elite tacanha, que não aceita a ascensão da classe mais empobrecida. Para ela, a lógica é quanto mais desigualdade melhor, para que se possa lucrar ainda mais com a exploração da classe trabalhadora. Todos os países que tentaram implantar políticas sociais para atender a camada mais pobre da sociedade vêm sofrendo ações anti-democráticas. E o Brasil é exemplo disso.

Em nota, a CUT Nacional denuncia a ruptura da ordem democrática na Bolívia, se solidariza com os bolivianos e chama atenção para o risco de o autoritarismo se naturalizar na América Latina, considerando os recentes golpes em Honduras, Paraguai e Brasil e a tensão instalada no Chile por conta a reação popular diante da miserabilidade no país provocada pelas várias políticas neoliberais implantadas nas últimas décadas.

O Sindsep-PE ratifica a nota da CUT e repudia o golpe contra o presidente Evo Morales, obrigado a renunciar e se exilar no México. É preciso enfrentar as tentativas ditatoriais e fortalecer a democracia em toda a América Latina.

Nota da CUT:

A  CUT Brasil denuncia e expressa seu repúdio ao golpe de Estado contra o mandato do legítimo presidente da Bolívia, Evo Morales, neste 10 de novembro de 2019.

Desde as eleições presidenciais realizadas no último mês de outubro, as forças de oposição bolivianas desencadearam atos de violência, invasão, pilhagem e queima de casas, além da humilhação de autoridades democraticamente eleitas, sequestros e ameaças físicas aos seus familiares – incluindo o incêndio da casa da irmã do presidente e a invasão da própria casa de Morales – para forçar sua renúncia, a do seu vice-presidente Álvaro García-Linera e de inúmeras lideranças do partido do presidente, o MAS, Movimento para o Socialismo.

As recomendações da Organização dos Estados Americanos (OEA) para uma nova eleição e também pela renovação completa dos órgãos eleitorais e a possibilidade de novas candidaturas foram integralmente aceitas pelo presidente Morales. No entanto, a oposição optou pela intransigência e a ruptura democrática.

Particularmente graves foram os comportamentos ??das forças policiais – que promoveram um verdadeiro motim – e, finalmente, a “sugestão de renúncia”, feita em rede nacional pelo chefe das Forças Armadas. O golpe tem um caráter notadamente reacionário, ultraneoliberal e de submissão aos interesses estadunidenses, além de nítidos traços de fundamentalismo religioso e de racismo contra os povos indígenas da Bolívia.   

Não podemos deixar de denunciar a atitude cúmplice da OEA, que, apesar do respeito diplomático dispensado pelo governo boliviano, nunca deixou de agir em favor do discurso da oposição, favorecendo o caos político e a deslegitimação dos poderes constitucionais. Dessa forma, a OEA e seu secretário-geral, Luis Almagro, reforça ainda mais seu papel da mais absoluta submissão ao governo estadunidense de Donald Trump. 

Além da atuação da OEA, a pressa com que governos da região, como os do Brasil de Jair Bolsonaro e o da Argentina de Maurício Macri, comemoram de maneira cínica o golpe – inclusive, tentando negar que a remoção de Evo Morales tenha sido realizada de maneira flagrantemente inconstitucional e sob a ameaça das baionetas do exército – são cristalinas em demonstrar que os compromissos das elites e da direita latino-americana com a democracia são meramente instrumentais. Na realidade, as elites latino-americanas não sabem conviver com a democracia e com a inclusão social e política dos mais pobres.

Vale ressaltar que esta ruptura da ordem democrática da Bolívia ocorre num contexto de diversos levantes populares contra governos conservadores em toda a América Latina – além da vitória eleitoral de Alberto Fernández na Argentina. Ao contrário dos recentes golpes em Honduras, Paraguai e Brasil, que pelo menos tentavam simular um ambiente de respeito à ordem constitucional, o golpe de Estado na Bolívia, repete o modelo dos sangrentos golpes de Estado das décadas de 1960 e 1970.

Alertamos que se o golpe de Estado na Bolívia não sofrer o mais absoluto repúdio da comunidade internacional, os golpes militares serão aceitos e internalizados pelos demais governos reacionários da nossa região.

O colapso institucional na Bolívia é inaceitável. Manifestamos nossa solidariedade ao povo boliviano e ao presidente Evo Morales. Apoiamos às mobilizações de resistência do povo boliviano e exigimos o pleno respeito aos direitos humanos, à vida e à integridade do presidente, sua equipe de governo, seus familiares, bem como a de todo o povo boliviano.

Conclamamos os governos democráticos do mundo, os sindicatos, movimentos sociais e partidos políticos a não abandonar o povo boliviano e repudiar de maneira enérgica e efetiva o golpe no Estado Plurinacional da Bolívia.

Sérgio Nobre - Presidente da CUT Brasil                  
Carmen Foro - Secretária-Geral da CUT Brasil
Antonio Lisboa - Sec. Rel. Internacionais da CUT Brasil

 

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