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SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS NO ESTADO DE PERNAMBUCO
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Publicado: 17/11/2025
Do GGN
Em entrevista ao programa TVGGN 20H, na última sexta-feira (14), o analista político Milton Rondó Filho avaliou que a recente movimentação do governo dos Estados Unidos em direção a uma operação militar com alcance em até 31 países representa “a continuidade histórica” da busca norte-americana por controle de recursos estratégicos na América Latina. Para ele, trata-se de uma atualização da velha lógica do “Make America Great Again” baseada, afirma, não em força interna, mas na apropriação de riquezas de outros países.
Rondó argumenta que a prosperidade norte-americana do pós-guerra esteve diretamente ligada à exploração econômica de países latino-americanos, citando o histórico da United Fruit na América Central e a dependência venezuelana do petróleo antes de Hugo Chávez.
Segundo ele, “não é possível fazer a América grande de novo sem se locupletar dos nossos recursos”. Como exemplo, menciona a concentração atual de interesses dos EUA em petróleo, gás e minérios estratégicos, com operações e acordos que, segundo ele, seguem sempre a mesma lógica: presença militar, pressão diplomática e apropriação de recursos energéticos e minerais.
>>> Assista ao programa AQUI
Crises internas e política externa agressiva
Para o analista, a conjuntura interna dos EUA pode estar alimentando uma política externa mais agressiva. Ele cita:
Rondó compara a estratégia ao que chama de “solução Netanyahu”: recorrer a conflitos externos para recuperar força política interna. “Às vezes funciona”, afirma, lembrando casos históricos de governos que recorreram a confrontos militares para reverter crises domésticas.
Questionado sobre o impacto dessas movimentações para o Brasil, especialmente às vésperas das eleições de 2026 e diante da relevância nacional de petróleo e terras raras, o analista político afirma que há, sim, risco de pressão externa.
Setores da direita brasileira seguem recebendo orientação de Washington, embora parte da oligarquia nacional tenha se afastado do bolsonarismo devido ao desgaste político e às investigações contra a família Bolsonaro.
Ele aponta também a tentativa do deputado Guilherme Derrite (PP-SP) de ampliar a lei anti-facções para uma legislação antiterrorista como um movimento alinhado a interesses norte-americanos, mas que teria encontrado resistência de setores tradicionais da elite política nacional.
Crise de liderança
O entrevistado avalia ainda que a direita brasileira vive uma crise de nomes competitivos para 2026. Figuras como Tarcísio de Freitas (Republicanos) enfrentam desgaste político e dificuldades para ampliar apoio ao centro. Governadores de outros estados, como Cláudio Castro (PL-RJ), Ronaldo Caiado (União-GO) ou Ratinho Junior (PSD-PR), carregam históricos que dificultam uma candidatura nacional viável.
Até Jair Bolsonaro (PL) segue citado em pesquisas, apesar de inelegível. Para Rondó, isso reflete tanto a falta de alternativas quanto a desinformação.
EUA: nova disputa política e reação nas redes
O analista comenta também o cenário eleitoral norte-americano. Para ele, quem desponta como principal nome contra Trump em 2026 não é Bernie Sanders, mas o governador da Califórnia, Gavin Newsom, cuja atuação na COP e postura crítica ao trumpismo o colocariam como favorito entre democratas.
Sobre o domínio da extrema-direita nas redes sociais, Rondó afirma que o quadro já começou a mudar. Ele destaca o surgimento de influenciadores progressistas jovens nos EUA, com forte domínio de linguagem audiovisual e capacidade de furar a bolha trumpista.
No Brasil, ele avalia que o governo Lula passou a reagir melhor na comunicação digital, ainda que considere a criatividade da esquerda online inferior à dos norte-americanos.
Para o analista, as recentes vitórias de candidatos progressistas nas eleições locais dos EUA, incluindo Nova York, indicam um movimento de resistência ao trumpismo e um novo ciclo de politização entre jovens, imigrantes e latinos.
Mesmo assim, ele ressalta que a eleição de 2026 nos EUA permanece incerta e que o cenário internacional tende a permanecer tenso, com impactos diretos na América Latina.