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Governo desvia verbas para esvaziar fiscalização trabalhista


Governo determinou que os recursos arrecadados por meio de infrações, que eram revertidos diretamente para equipar grupos de fiscalização, sejam destinados ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD) ou ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)

Publicado: 08/11/2021
Escrito por: Ascom Sindsep-PE


O golpe de 2016, que retirou a ex-presidenta Dilma Rousseff do poder, promoveu uma reviravolta no processo civilizatório da nação brasileira. Todas as políticas que incidiam sobre a melhoria da qualidade de vida do povo trabalhador foram ou estão sendo abandonadas. Esse processo não foi diferente no Ministério do Trabalho e Previdência (MTP), órgão responsável pela política e pelas diretrizes para a geração de emprego e renda, mediação de conflitos trabalhistas e de apoio aos trabalhadores brasileiros. 

Depois de reduzir, em 2020, os recursos para fiscalizações trabalhistas para o menor patamar da série histórica, este ano o governo alterou a forma de utilização dos recursos arrecadados por meio de infrações, que eram revertidos diretamente para equipar grupos de fiscalização do MTP, e determinou que esses valores e bens sejam destinados ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD) ou ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

Na prática, a iniciativa esvazia a atuação da fiscalização do órgão trabalhista prevista nos termos de ajustamento de conduta (TACs) assinados junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT). 

"Como uma das primeiras medidas após assumir a Presidência, Bolsonaro extinguiu o Ministério do Trabalho. Agora, ele recriou o órgão, mas  promoveu um corte de recursos gigantesco. O grande objetivo do governo Bolsonaro é dificultar o trabalho dos servidores públicos do Ministério e livrar os maus empresários brasileiros infratores, de setores como o agronegócio, madeireiras, indústria e serviços, de serem penalizados. Desta forma, os trabalhadores acabam sendo abandonados às leis desses empresários e acabam sofrendo com uma série de irregularidades trabalhistas que vai desde a não observação de horas extras trabalhadas até a escravidão", comentou o coordenador-geral do Sindsep-PE e servidor do MTP, José Carlos de Oliveira.  

A decisão de não mais reverter os recursos arrecadados para equipar grupos de fiscalização foi tomada, em junho, após a recriação do Ministério do Trabalho, que hoje é capitaneado por Onyx Lorenzoni. Um ofício da pasta, datado de outubro e repassado às subsecretarias, coordenações e superintendências regionais, destaca a "impossibilidade de recebimento de bens patrimoniais ou recursos financeiros decorrentes de TAC ou aplicação de multas". 

Corte de recursos

De um total de R$ 1,4 bilhão de despesas previstas para 2020, foram reservados R$ 26 milhões para operações de inspeção de segurança e saúde no trabalho, combate ao trabalho escravo e verificações de obrigações trabalhistas. A queda em relação ao orçamento de 2019, de R$ 70,4 milhões, supera 63%. Este foi o primeiro orçamento elaborado pelo atual governo para a pasta. 

Além do corte de recursos, houve corte de pessoal. Hoje, o MTP possui mais de 1.500 cargos de auditores fiscais, criados em lei, vagos, o que representa 45% do total do efetivo. O último concurso foi feito há oito anos. E todos os anos há um número considerável de aposentadorias. Isso impacta, sem dúvida, na fiscalização das irregularidades trabalhistas. 

"Em Pernambuco, a situação do MTP não é diferente. Dá pena circular pelo prédio que se encontra com diversas salas fechadas. Algumas delas com cadeiras, computadores e equipamentos eletrônicos entulhados. Em 2020, houve um corte de mais de 25% de recursos", destacou José Carlos de Oliveira. 

Atualmente, o órgão conta com apenas 61 auditores fiscais internos e externos. Destes, apenas 47 estão trabalhando na fiscalização externa de empresas. Os outros 13 trabalham internamente, analisando documentos e processos. A necessidade do órgão seria de mais de 300 auditores, mas não existe a menor previsão de se abrir concurso público para a área. 

"Lembrando que, no setor administrativo do MTP, a situação com relação a redução do contigente de servidores e servidoras é ainda mais alarmante", concluiu José Carlos. 

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