Governo quer economizar com servidor, mas gasta R$ 1,8 bi em guloseimas

Enquanto negligencia a falta de oxigênio em Manaus, suspende compra de seringas em pleno início da vacinação contra a Covid-19 alegando alta de preço, diz que não tem dinheiro para estender o pagamento do auxílio emergencial para milhares de brasileiros que ficaram sem renda com a pandemia e tenta diminuir o salário do funcionalismo público para “economizar”, o governo Bolsonaro gasta mais de R$ 15 milhões em 2020 com, pasmem, leite condensado.  Foram milhares de latas compradas a um preço médio de R$ 126 cada uma.   

O fato veio à tona na última terça-feira, 26, pelo site Metrópoles. O Sindsep-PE convida todos os servidores para verem os gastos do governo Bolsonaro com comida. O leite condensado é só uma das aberrações e essas despesas dizem respeito apenas a Presidência da República, o que não inclui ministérios e demais órgãos públicos. Foram mais de R$ 50 milhões em biscoitos e mais de R$ 31 milhões em refrigerantes. 

No mesmo dia, o governo, que ganhou as eleições em 2018 tendo como uma das bandeiras acabar com a corrupção no país, tirou o Portal da Transparência do ar. É lá que jornalistas de todo o Brasil têm acesso aos gastos do governo federal. Vale lembrar que o Portal foi criado em 2004 pelo governo Lula.

Também nessa terça, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) resolveu investigar a empresa fornecedora da fortuna em leite condensado. Ela descobriu que fica no subsolo de um pequeno prédio comercial no bairro residencial do Sudoeste, em Brasília. Em sua conta no Twitter, a parlamentar levantou a suspeita: “Aparentemente, não é uma sede grande responsável por compras em milhões”.

“Essa farra das guloseimas, além de um desrespeito com o povo brasileiro, que muitos sequer tem acesso ao salário mínimo, sugere indícios de corrupção”, alerta o diretor da Secretaria de Imprensa do Sindsep-PE, Eduardo Albuquerque. Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, a renda mensal do brasileiro no segundo trimestre de 2020 era de para R$ 893, menos que o salário mínimo, na época R$ 1.045.

Foram ao total mais de R$ 1,8 bilhão gasto pela Presidência da República com comidas em 2020, ano de crise por causa do coronavírus, onde mais de 100 milhões de brasileiros foram empurrados para a extrema pobreza (vivem com cerca de R$ 10 reais por dia). 

Segundo o levantamento do site Metrópoles, foram mais de R$ 21 milhões com iogurte natural, o mesmo que está previsto para o orçamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) este ano. 

1º DE FEVEREIRO
Após a farra das guloseimas vir à tona, vários parlamentares e partidos políticos se manifestaram sobre o assunto. São pedidos de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) e mais pedidos de impeachment contra o presidente da República.

É por essa má administração do dinheiro público e todo o descaso do governo Bolsonaro em relação à pandemia que o Sindsep-PE reforça a necessidade de mobilização dos servidores na próxima segunda-feira, 1º de fevereiro, Dia Nacional em Defesa da Vacina para Todos e Todas. Serão realizadas carreatas nos estados e um grande ato público em Brasília com entrega da pauta de reivindicações da classe trabalhadora à Câmara e ao Senado.