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Líderes de nove etnias indígenas do Araguaia e Xingu denunciam contaminação de rios e invasão de territórios


Apïinama Yudjá conta que o grupo de trabalho da Funai finalizou o trabalho da demarcação de terras em 2007, os laudos antropológicos já foram concluídos e, desde 2013, os estudos fundiários estão parados e isso impede a demarcação final do território

Publicado: 24/10/2019
Escrito por: Vio Mundo

Representantes das etnias Carajá, Tapirapé, Kanela do Araguaia, Krenak, Xerente, Maraiwatsédé e Yudjá estiveram nesta terça-feira (22), na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM). O grupo apresentou uma série de demandas.

Apïinama Yudjá conta que o grupo de trabalho da Funai finalizou o trabalho da demarcação de terras em 2007, os laudos antropológicos já foram concluídos e, desde 2013, os estudos fundiários estão parados e isso impede a demarcação final do território.

“Enquanto isso, as fazendas aumentam as plantações de soja e poluem afluentes do Xingu, porque não usam mais tratores, mas agrotóxicos, acabando com nosso plantio de batata e mandioca, que é nosso sustento”, denuncia o Yudjá.

“Cresci e nasci na beira do rio Tapirapé, que hoje tá seco, uma calamidade, sem as lagoas e tartarugas. O agronegócio tá destruindo as margens do rio”, diz Manoel, Xerente do Araguaia.

Os líderes também lembraram que outros grupos de trabalho foram suspensos pela Funai e nem começaram o trabalho, como em aldeias de terras Kanela do Araguaia e Tapirapé Carajá.

As lideranças denunciam a futura invasão de territórios indígenas para a construção da Transbananal.

A  rodovia ligará Formoso do Araguaia (TO), pela rodovia TO-0500, até São Félix do Araguaia (MT), pela BR-242, cortando a Ilha do Bananal num trecho de 90 quilômetros. O início das obras está previsto para fevereiro de 2020. A rodovia terá um acesso intermodal à Ferrovia Norte-Sul.

“Quando vem uma estrada, vem  muita coisa ruim junto. Em Confresa, depois do asfalto vieram as drogas, fugitivos das prisões, prostituição e incêndios criminosos, estão descumprindo a Constituição”, ressalta o cacique Lahiri, que é Tapirapé Carajá.

Rosa Neide (PT/MT) afirma que vídeos gravados por deputados conservadores estão incitando a violência:

“Os brancos no entorno das aldeias estão se sentindo liberados, principalmente para o garimpo ilegal. Também tem o grupo Indígenas Agricultores, que apoia o agronegócio, com quem estamos conversando. Por outro lado, estamos levantando recursos para agricultura familiar nas aldeias e mutirões de documentação na Secretaria Estadual de Ação Social”.

O asfaltamento do trecho da BR 158, que corta terras indígenas no Mato Grosso, é outra preocupação.

O traçado original havia sido modificado para contornar esses territórios. Mas o Ministério da Infraestrutura confirmou este ano o asfalto original, cortando a Reserva Nacional do Xingu.

A CDHM deve encaminhar ofício ao Tribunal de Contas da União (TCU) para uma reunião sobre a BR 158.

A Comissão já havia enviado pedido de informações ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), que passou para o TCU a resposta sobre a situação da rodovia.

Quanto à Transbananal, a CDHM vai pedir ao Ministério da Infraestrutura informações sobre a situação atual e que seja feita consulta livre, prévia e informada junto às comunidades indígenas atingidas.

Além dessas medidas, também será enviado ofício para a Funai sobre a suspensão dos grupos de trabalho para demarcação de territórios e para as secretarias estaduais de Educação, sugerindo assessoria pedagógica específica nas escolas que atendem estudantes indígenas.

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