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Ministro Ricardo Salles é investigado por contrabando ilegal de madeira


Despacho do Ministério do Meio Ambiente teria sido elaborado a pedido de empresas que tiveram cargas ilegais apreendidas nos EUA e Europa, resultando na regularização de mais de oito mil cargas de madeira exportadas ilegalmente entre os anos de 2019 e 2020

Publicado: 19/05/2021
Escrito por: Ascom Sindsep-PE

Ricardo Salles abraça Bolsonaro, a quem deve obediência


O governo Jair Bolsonaro tem sido denunciado por práticas ilegais nos mais diversos ministérios e órgãos federais. As ações deixam transparecer que a ideia é a de promover o desmonte das políticas públicas e de utilizar a estrutura do governo para beneficiar aliados políticos e empresários corruptos que sonhavam há décadas com uma gestão que os deixassem burlar as leis. Para isso, pessoas que estão sendo acusadas de serem coniventes com maus feitos teriam sido colocadas em postos-chaves da administração pública. Essa prática acaba de ser revelada no Ministério do Meio Ambiente. 

Depois de meses de investigações sobre contrabando ilegal de madeiras, a Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação contra, nada mais, nada menos que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Bim, além de vários funcionários da pasta nomeados por eles. A operação foi realizada na manhã dessa quarta-feira (19).

Ao todo, 160 policiais federais cumprem 35 mandados de busca e apreensão de provas, incluindo os endereços residenciais do próprio ministro em São Paulo, o seu imóvel funcional em Brasília e seu gabinete no Ministério do Meio Ambiente que, em uma jogada política recente, foi instalado no Pará. 

“É muito significativo constatarmos que pessoas que deveriam trabalhar para defender o meio ambiente brasileiro estão sendo acusadas  e investigadas de estarem fazendo exatamente o contrário disso. Já faz muito tempo que denunciamos o ministro e seus aliados e nada acontece. Isso porque Bolsonaro é um inimigo do meio ambiente e de quem tenta protegê-lo e Salles está fazendo exatamente o que o presidente orienta", comentou o diretor do Sindsep e servidor do Ibama, Eduardo Albuquerque. 

As investigações

A operação, que investiga a exportação ilegal de madeira para os Estados Unidos e a Europa, foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou ainda a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Salles, o afastamento preventivo de Eduardo Bim do comando do Ibama e o de outros nove agentes públicos que ocupavam cargos e funções de confiança em órgãos ambientais. O STF também determinou a suspensão imediata da aplicação de um despacho de fevereiro de 2020, que passou a permitir a exportação de produtos florestais sem a emissão de autorizações de exportação.

A informação é de que o despacho teria sido elaborado a pedido de empresas que tiveram cargas não licenciadas apreendidas nos EUA e Europa, resultando na regularização de mais de oito mil cargas de madeira exportadas ilegalmente entre os anos de 2019 e 2020. Os investigadores da operação apuram crimes de corrupção, prevaricação, advocacia administrativa e facilitação de contrabando contra a administração pública praticados pelos agentes públicos e empresários do ramo madeireiro. 

A operação foi batizada de Akuanduba em referência à divindade indígena tida como protetora da boa humanidade. 

Mais ilegalidades

Em dezembro de 2019, uma operação da Polícia Federal foi responsável pela maior apreensão de madeira retiradas de forma ilegal da história no país. Foram apreendidas 40 mil toras de madeira. Diante da ilegalidade, Salles se reuniu com os empresários alvos da operação e se comprometeu em promover uma revisão rápida da documentação para liberação das 40 mil toras. 

No último mês de abril, o superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva, enviou ao STF uma notícia-crime contra o ministro  e o senador Telmário Mota (Pros-RR), por causa da atuação de ambos para atrapalhar a operação. Segundo o superintendente, que foi afastado após a denúncia, Salles fez uma "inversão" e "tornou legítima a ação dos criminosos, não do agente público". Depois da denúncia, o Ministério Público pediu o afastamento do ministro. Mas ainda não foi atendido. 

Também em abril, mais de 400 servidores do Ibama assinaram um ofício no qual afirmam que todas as atividades de fiscalização de infrações ambientais desenvolvidas pelo órgão estão paralisadas por causa de uma Instrução Normativa elaborada por Salles que traz uma mudança na aplicação de multas ambientais considerada extremamente perigosa por servidores e ambientalistas para o meio ambiente brasileiro. 
 

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