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SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS NO ESTADO DE PERNAMBUCO
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Publicado: 01/08/2025
Do GGN
O National Intelligence Council (NIC) é o órgão responsável por produzir análises estratégicas de longo prazo sobre ameaças globais, tendências geopolíticas , tecnológicas e econômicas. Ele é o principal centro de inteligência analítica estratégica da Comunidade de Inteligência dos Estados Unidos.
Em 26 de janeiro de 2005, o Global Policy Forum divulgou o documento do NIC intitulado “Mapping the Global Future: Report of the National Intelligence Council’s 2020 Project”.
Ele já previa o declínio relativo do poder americano, a emergência de um sistema multipolar, a perda da hegemonia econômica e financeira. E recomendava uma reorientação da estratégia para a política externa, equilibrando poder militar com engajamento diplomático.
Previa um crescimento econômico comparável à Europa, prevendo que até 2020 Brasil e Indonésia poderiam superar todas as economias europeias em tamanho e desenvolvimento econômico.
Previa um aumento da influência regional do Brasil, consolidando-se como grande potência emergente, mas nada comparável à China e sem condições de moldar a política global de forma independente. Mas seria um ator relevante nos grandes arranjos internacionais estruturados em torno de governança coletiva e integração regional.
O segundo Global Trends montou projeções até 2025. A fatia de poder global dos EUA cairia de 22% para 18%, o da China subiria para 16%. O da Índia chegaria próximo a 10% e a União Europeia perderia participação proporcionalmente.
Arriscava cenários para o período 2025-2040, tentando estimar as tendências a partir de 2024. Analisava as macro-tendências em cima de cinco cenários possíveis:
1. Renascença das Democracias
Um cenário em que as democracias abertas ressurgem com força, lideradas pelos Estados Unidos e seus aliados, promovendo cooperação internacional, inovação e crescimento inclusivo.
2. Um Mundo à Deriva
Um cenário caracterizado por um ambiente internacional desordenado, caótico e polarizado, sem liderança clara e com aumento da competição e fragmentação entre Estados.
3. Coexistência Competitiva
Um mundo onde as grandes potências competem intensamente (especialmente EUA e China), mas evitam conflito direto, mantendo uma coexistência tensa, com disputas geopolíticas, tecnológicas e econômicas.
4. Fusão
Um cenário em que Estados, empresas e sociedades se unem para enfrentar desafios globais, como mudança climática e pandemias. Há cooperação internacional intensa e governança compartilhada.
5. Silos Separados
Um mundo fragmentado em blocos regionais ou ideológicos, com pouca interdependência econômica e infraestruturas digitais, tecnológicas e comerciais desconectadas, semelhante a uma “balcanização” da globalização.
O relatório antecipa que, a partir de 2025, o Brasil deverá consolidar-se como uma potência emergente em energia limpa e tecnologia, mas também enfrentará pressões internas e ambientais significativas (como desigualdade, crises hídrica e transição energética). Seu papel regional será relevante, especialmente em governança e integração regional, embora limitado se comparado a países como China e EUA, o que requer cooperação multilaterais reforçadas.
A partir dessas conclusões, o relatório propõe parcerias institucionais para “fortalecer a democracia”. O Brasil é apontado como ator-chave no combate às mudanças climáticas, nas energia renováveis e no controle de emissões do setor agropecuário.
Há uma recomendação para contrabalançar a influência chinesa. A recomendação está longe do padrão Trump. Recomenda-se que os EUA ofereçam alternativas atraentes de financiamento, investimento e infraestrutura verde.
Está claro a instrumentalização das big techs por Trump, exigindo que se aliem contra a China, Irã e adversários internos.
A retórica trumpista atual inclui uma revalorização das big techs como vetores da soberania digital americana.
Isso significa apoio às suas operações desde que estejam em sintonia com os objetivos de segurança nacional, como:
A lógica de segurança digital se estendeu ao campo digital. Exemplo é a pressão contra empresas chinesas (TikTok, Huawei e Alibaba).
Ao mesmo tempo, houve um enfraquecimento de regimes multilaterais regulatórios, dificultando a cooperação do Brasil com Europa e outros parceiros democráticos e induzindo a acordos bilaterais assimétricos com os EUA.
As formas de atuação das big techs já estão definidas.
Também os investimentos e transferências tecnológicas, via empresas americanas, estarão condicionados ao alinhamento diplomático com os EUA e adoção de políticas subordinadas aos padrões regulatórios e geopolíticos americanos.
Haverá dificuldade para implementar modelos soberanos de governança da internet, proteção de dados e IA. E riscos de boicote velado a iniciativas nacionais (como Lei Brasileira de Inteligência Artificial, soberania da Anatel, e obrigações de transparência das plataformas).
Trump defende imunidade quase total para plataformas digitais nos EUA (Seção 230). A Seção 230 é um dispositivo legal dos Estados Unidos que protege as empresas de tecnologia (como Google, Meta/Facebook, Twitter/X, YouTube e outras plataformas online) de serem responsabilizadas legalmente pelo conteúdo postado por seus usuários.
Isso se traduz em oposição aberta à regulação brasileira, como o PL das Fake News, a regulação da IA ou exigências de moderação de conteúdo e combate à desinformação climática e eleitoral.
1. Lobby institucionalizado
Exemplo: em 2023, a Google Brasil foi denunciada pelo TSE e pelo Ministério da Justiça por usar sua homepage e o YouTube para campanhas contra o PL das Fake News (PL 2630/20) — mobilizando usuários a pressionarem seus deputados.
2. Financiamento indireto de parlamentares e think tanks
3. Mobilização social e pressão digital
Exemplo: durante a tramitação do PL 2630, o Google publicou links contrários ao projeto em sua página inicial, o que o governo classificou como abuso de poder econômico e manipulação do debate público.
Projeto de Lei / Tema | Influência exercida |
PL 2630/2020 (Lei das Fake News) | Forte oposição; lobby para suprimir regras de moderação e rastreabilidade |
PL 2338/2023 (IA e regulação de algoritmos) | Pressão para excluir obrigações de transparência e responsabilização |
Reforma do Marco Civil da Internet | Defesa da imunidade das plataformas (modelo da Seção 230 dos EUA) |
Tributação de serviços digitais | Pressão contra a criação de um “imposto digital brasileiro” |
Proteção de dados e LGPD | Atuação para limitar o poder da ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados) |
1. Extensão da influência americana no domínio digital
Nos relatórios mais recentes, o NIC destaca que:
2. Big Techs como ferramentas geoeconômicas
Isso é discutido em profundidade no capítulo sobre “Global Information Ecosystems” (Global Trends 2030 e 2040).
3. Vulnerabilidades e desafios regulatórios
Por isso, os relatórios defendem que os EUA devem equilibrar competitividade tecnológica com mecanismos democráticos de controle, para não comprometer sua legitimidade internacional.