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O racismo, a lógica capitalista e a violência em um país escravocrata


No Recife, o ato terá concentração, às 14h, na praça do Carmo, centro da cidade. De lá, os manifestantes sairão em caminhada pelas ruas centrais até o Marco Zero, no Bairro do Recife

Publicado: 16/11/2021
Escrito por: Ascom Sindsep-PE


No próximo sábado (20), será dia do povo brasileiro voltar às ruas. É o Dia Nacional de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra. Junto a comemoração da luta contra a escravidão e racismo, também será dia de #ForaBolsonaro. Brasileiros e brasileiras sairão às ruas, nos mais diversos estados, em mais uma grande mobilização pelo impeachment do presidente. E o grito de luta será: “Fora Bolsonaro Racista”. 

No Recife, o ato terá concentração, às 14h, na praça do Carmo, centro da cidade. De lá, os manifestantes sairão em caminhada pelas ruas centrais até o Marco Zero, no Bairro do Recife. 

Capitalismo e Racismo

A relação entre o capitalismo e o racismo é bastante íntima. Grande parte das riquezas acumuladas pelo capitalismo primitivo, transformada em investimento para o fomento da revolução industrial, veio da exploração  do povo negro das colônias africanas. “Em seguida, com o desenvolvimento industrial, esse povo negro continuou sendo explorado nas indústrias dos países colonizados e é assim até hoje. O Brasil é um exemplo clássico”, afirmou o psicanalista e professor de Filosofia da UFPE, Erico Andrade.      

Até hoje o racismo continua operando no sistema capitalista, pois esse modelo econômico se recusa a fazer a reparação sócio-histórica para, aí sim, equiparar brancos e negros. “Recusam-se a, por exemplo, taxar as grandes fortunas e promover distribuição de renda justa. Importante lembrarmos que as grandes fortunas de hoje são herança do Brasil colonial escravocrata”, comentou a cientista social e professora de Sociologia, Laíse Neres. 

No lugar de reestruturar a economia de forma a torná-la mais democrática e justa de modo a promover uma melhor distribuição de renda, a sociedade brasileira prefere investir em um sistema repressor que multiplica a violência nas periferias do país. Uma pesquisa de Defensoria Pública do Rio de Janeiro verificou que oito, em cada dez presos, em flagrante são negros. Dos 23.497 homens e mulheres conduzidos a audiências de custódia de setembro de 2017 a setembro de 2019, cerca de 80% declararam-se pretas ou pardas. 

No Brasil, os casos de homicídio de pessoas pretas e pardas aumentaram 11,5% em uma década, de acordo com o Atlas da Violência 2020. Os negros representam 75,7% das vítimas de homicídio em 2018. Enquanto a taxa de homicídio a cada 100 mil habitantes foi de 13,9 casos entre não negros, a atingida entre negros chegou a 37,8. 

“No capitalismo brasileiro, sob o viés fascista de Bolsonaro, há um aprofundamento do racismo. Não à toa as políticas afirmativas foram reduzidas e há a perseguição das pautas ligadas ao movimento negro. A violência contra os negros também aumentou nas periferias”, comentou o coordenador-geral do Sindsep-PE, José Carlos de Oliveira.   

A violência e as mortes dos negros nas periferias do Brasil já fazem parte de uma política de governo e são, cada vez mais, naturalizadas. “Existe algo muito perverso para as vítimas de violência nas periferias. É uma noção do cristianismo que compreende as mortes como um merecimento. A vítima teria escolhido traficar drogas, roubar ou fazer algum outro tipo de crime. Então, consequentemente ela teria encontrado o destino que lhe era próprio. Essa noção deixa completamente de lado o fato do envolvimento dos negros em crimes está relacionado diretamente com a situação de desigualdade social e econômica em que vivem e com o histórico de escravidão de mais de 380 anos do Brasil”, observou Erico Andrade. 

Um caminho a trilhar

Apenas uma reorganização social, político, econômica e jurídica de toda a sociedade brasileira, a implantação de mais políticas afirmativas e uma educação libertadora antirracista poderiam ser capazes de por fim ao racismo no país. Uma política antirracista deve ser, antes de tudo, uma política reparatória de democratização dos meios de produção e de distribuição da riqueza.

“Políticas públicas voltadas para democratização do acesso aos bens materiais. Por outro lado é de fundamental importância existir políticas  voltadas para a valorização da cultura e das pessoas negras”, sublinhou o professor Erico. Políticas de ações afirmativas foram aprovadas, nas últimas décadas, no Brasil, como a política de cotas. Mas o racismo faz com que boa parte da população seja contrária.  
 

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