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SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS NO ESTADO DE PERNAMBUCO
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Além de não mirar no andar de cima, a operação não contou com um projeto de retomada do território e de polícia de proximidade, que entre para ficar e conviver com a população local de forma pacífica
Publicado: 03/11/2025
O Sindsep-PE repudia a barbárie ocorrida nos complexos da Penha e do Alemão, na última terça-feira (28/10). O governo do Rio de Janeiro transformou as duas comunidades em um campo de guerra. Uma tragédia que deixou 121 pessoas mortas, entre moradores, policiais e pessoas envolvidas com o tráfico. Um espetáculo midiático/eleitoral que não pode ser aceito como uma estratégia séria de combate ao crime organizado.
O governador Cláudio Castro, pressionado por investigações que o ligam a atos de corrupção, promoveu mais uma incursão policial em favelas onde vivem gente vulnerabilizada, causando pânico e catástrofe. Os policiais, diversos deles sem expertise de combate ao tráfico em comunidades, todos servidores públicos, foram colocados na linha de frente de uma operação completamente irresponsável. Resultado: quatro deles foram mortos e vários foram feridos.
O governo promoveu mais uma vez uma estratégia equivocada de combate ao crime organizado que predomina há anos no Brasil. Enviou policiais para “prender” integrantes do andar de baixo das facções, enquanto os verdadeiros líderes, fornecedores das drogas e armas, escaparam ilesos.
Há alguma dúvida de que as pessoas mortas não foram as responsáveis pelos carregamentos de drogas e fuzis para as duas comunidades? Alguém ainda acredita que quem comanda o crime organizado no Brasil mora em favelas?
Além de não mirar no andar de cima, a operação não contou com um projeto de retomada do território e de polícia de proximidade, que entre para ficar e conviver com a população local de forma pacífica. Não se ouviu falar em um projeto de urbanismo social que ofereça oportunidades a uma população abandonada, que acaba sendo utilizada e se torna refém de criminosos por causa da ausência do Estado.
Esse tipo de operação promovida por Cláudio Castro resulta em mais violência, na expansão dos territórios do tráfico para todo o Brasil e na diversificação dos negócios. Com o combate às drogas, as facções passaram a investir em setores como os de combustíveis e de bebidas. São bilhões de reais que não estão nas favelas, mas nos bancos e grandes centros financeiros do Brasil.
Uma operação que queira realmente combater o crime organizado brasileiro deve seguir o caminho do dinheiro. Qualquer profissional da área de segurança sabe disso. O governador do Rio sabe disso. Mas a população que o elege não sabe.
Recentemente tivemos a Operação Carbono Oculto que focou nos peixes grandes das organizações criminosas. Deflagrada em agosto, a partir da cooperação entre diferentes entes públicos, a Operação focou na atuação do crime organizado no setor financeiro e de combustíveis, promovendo um grande desfalque na casa-grande.
Um passo para o entreguismo
A operação nas comunidades da Penha e Alemão também teve outro propósito. Ela foi o primeiro passo para a formação de um consórcio entre governadores de direita – intitulado de Consórcio da “Paz” - para intensificar o lobby pelo PL do Terrorismo, que classifica o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC) como organizações terroristas.
Essa classificação se afinaria à política do governo Donald Trump para a América Latina e abriria a possibilidade dos Estados Unidos da América (EUA) invadirem o Brasil militarmente, como está ameaçando fazer na Venezuela.
Integram o Consórcio, além de Cláudio Castro, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União-GO), Eduardo Riedel (PP-MS), Jorginho Mello (PL-SC) e Ibaneis Rocha (MDB-DF). Hoje, em suas entrevistas, esses governadores têm defendido o PL.
PEC da Segurança Pública
Em uma enorme contradição, os governadores que integram o Consórcio da “Paz” são contrários à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, apresentada em abril pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. A PEC altera dispositivos da Constituição Federal para ampliar a competência do governo federal na área da segurança pública e consolidar o Sistema Único de Segurança Pública (Susp) como parte da Constituição — a exemplo do que ocorre com o SUS e o Sistema Nacional de Educação.
A PEC reforça a integração entre as forças policiais, com base de dados e procedimentos padronizados. Segundo Lewandowski, a proposta oferece ferramentas para que o governo federal exerça de forma mais eficaz a coordenação das ações de segurança pública no país. Esse seria um importante movimento para ajudar a solucionar os problemas gerados pelo crime organizado no Brasil.
Segundo pesquisa Genial/Quaest, divulgada pelo jornal O Globo, 52% dos moradores do Rio de Janeiro apoiam a proposta da PEC da Segurança, enquanto 29% são contrários e 19% não souberam ou preferiram não responder. Mas os governadores e seus aliados no Congresso Nacional irão apoiar?