Pesquisa revela que a Lava Jato deu início ao caos econômico no Brasil

Uma operação política e econômica de desmonte do Brasil como país nação que vinha crescendo demasiadamente e estava colocando em risco a liderança dos Estados Unidos da América (EUA) no continente americano. Assim pode ser classificada a operação Lava Jato. Um levantamento da CUT-DIEESE, lançado na última terça-feira (16), não deixa dúvidas sobre isso. A Lava Jato foi responsável por o Brasil perder R$ 172,2 bilhões em investimentos e destruiu 4,4 milhões de empregos nos anos de sua atuação. 

A operação promoveu o desmonte dos setores de petróleo e gás e construção civil, justamente os dois grandes setores que mais competiam com empresas estrangeiras no mercado internacional. Segundo a pesquisa, o setor mais afetado foi a construção civil, que perdeu 1,1 milhão de postos de trabalho. De 2014 a 2017, a construção civil deixou de investir, graças à operação, um total de R$ 67.8 bilhões. Enquanto isso, a Petrobras deixou de investir R$ 104.3 bilhões. 

“A Lava Jato foi o marco fundamental para a Petrobras mudar a sua lógica de investimento e passar a priorizar não mais o país, mas os acionistas da empresa. O que estamos assistindo agora com os aumentos consecutivos da gasolina é um exemplo disso. A prioridade não está na população brasileira nem nos interesses do país”, comentou o diretor técnico do Dieese responsável pela pesquisa, Fausto Augusto Junior.  

É claro que a falta de investimento nessas duas áreas e o grande número de demissões e não geração de novos postos de trabalho, afetou todos os demais setores econômicos brasileiros em um grande efeito cascata. Com menos dinheiro circulando no Brasil, houve retração de investimentos e perda de empregos em áreas como comércio por atacado e varejo (802 mil empregos perdidos), serviços domésticos (269,8 mil), transporte terrestre (246,6 mil), alimentação (196 mil), pecuária (178.3 mil), agricultura (161,2 mil), atividades jurídicas (139,4 mil), vestuário (68.7 mil), saúde (99.4 mil) e educação (106.4 mil) privadas.   

Com os impactos negativos da redução de investimentos e do emprego, a massa salarial foi reduzida em cerca de R$ 85 bilhões. “São 85 bi que poderiam ter circulado na economia, movimentando o comércio, gerando mais empregos e renda”, disse Fausto.

Os R$ 172,2 bilhões que deixaram de ser investidos no País equivalem a 40 vezes os R$ 4,3 bilhões que a Lava Jato informa, segundo o Ministério Público Federal, ter recuperado aos cofres públicos.

“O conjunto do movimento sindical sempre alertou que a maneira espetaculosa com a qual  a Lava Jato expunha grandes empresas brasileiras, colocava em risco o futuro dessas empresas, da economia do Brasil e dos empregos de milhões de brasileiros. Ninguém, em lugar nenhum do mundo, destrói uma empresa como a Petrobras e um setor inteiro como a da construção civil sem responder por isso. Quem tiver acesso à pesquisa não terá dúvida de quem quebrou o Brasil e de quem nos trouxe para esse momento de caos econômico que vivemos hoje no país. Essa operação tem que ser investigada”, comentou o presidente da CUT Brasil, Sérgio Nobre.  

Próximos passos

O estudo será entregue aos presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco; e aos ministros do Supremo Tribunal Federal, para que seja feita uma investigação e os responsáveis sejam punidos.

O levantamento também será lançado em formato de livro e a CUT irá fazer uma articulação com as demais centrais sindicais para que a pesquisa seja usada como um instrumento de diálogo com os trabalhadores. A ideia é fazer com que eles se conscientizem dos reais motivos da operação e dos prejuízos que ela trouxe. Já foram produzidos cards para as redes sociais. 

Importante lembrarmos que ao auxiliar o golpe que retirou Dilma Rousseff da Presidência e ao promover a prisão ilegal do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, a Lava Jato foi um dos principais cabos eleitorais de Bolsonaro. “E isso gerou um caos econômico e político de grande escala. Em seguida, veio a pandemia do coronavírus e, graças à incompetência deste governo, milhares de vidas estão sendo perdidas. Vidas que poderiam ter sido poupadas, em grande parte, se estivéssemos sendo governados por um ser humano preocupado com a nação brasileira”, concluiu o coordenador geral do Sindsep, José Carlos de Oliveira.