Profissionais do Ibama e ICMBio sofrem ataques depois de declarações de Bolsonaro

Da Ascom Sindsep-PE

O Sindsep-PE não pode se calar diante da escalada de violência que está tomando conta do Brasil e que agora começa a atingir os servidores federais. Alvo de declarações descabidas do candidato a Presidência da República, Jair Bolsonaro, funcionários do Ibama e ICMBio sofreram ataques na Amazônia durante operações de combate ao desmatamento ilegal. O candidato de extrema direita à Presidência da República tem afirmado que o serviço público é uma “fábrica de marajás” e seria dos servidores o problema da previdência e que o Ibama e o ICMbio seriam “xiitas”. Isso por estarem combatendo práticas ilegais que afetam o meio ambiente. 

O atentado a servidores do ICMBio ocorreu na sexta-feira (19), no município de Trairão (PA), a 1.395 km a sudoeste de Belém. De acordo com o relato oficial, uma equipe estava na Floresta Nacional (Flona) para verificar um desmatamento detectado por satélite e combater o roubo de madeira. Para evitar a passagem da equipe, foi queimada uma pequena ponte na única estrada de acesso. 

Áudios obtidos pelo ICMBio mostram que a ação foi orquestrada por moradores de Bela Vista do Caracol, distrito de Trairão, cuja economia depende de madeira ilegal e extração de palmito. Quando a equipe estava parada nas próximidades da ponte queimada, um grupo de moradores se concentrou numa segunda ponte, a algumas centenas de metros. Agentes do ICMBio relataram ter ouvido tiros. Chamada ao local, a Polícia Militar conseguiu desmobilizar os moradores. Depois que os agentes do ICMBio improvisaram uma segunda ponte, os policiais escoltaram a equipe até a cidade de Itaituba.

Já o caso do Ibama ocorreu no sábado (20), na cidade de Buritis (RO), a 338 km de Porto Velho. Um homem ateou fogo em três viaturas do órgão utilizando um galão de gasolina. O fogo foi controlado por policiais, que conseguiram evitar que as chamas atingissem as outras sete viaturas. Durante a confusão, um grupo de pessoas passou a incentivar a queima das outras viaturas e chegaram a romper o cordão de isolamento. A polícia conseguiu conter o segundo ataque e prendeu um dos incentivadores. 

Na opinião dos servidores, as declarações de Bolsonaro alimentaram a hostilidade contra os trabalhadores que já têm muita dificuldade em cumprir suas tarefas. “Se nos calarmos, essa violência pode atingir outros servidores. Teremos que estar muito unidos nesse momento para combater qualquer tipo de violência e para garantirmos os direitos constitucionais e a defesa do meio ambiente”, destacou o coordenador geral do Sindsep-PE, José Carlos Oliveira (Foto).  

A escalada de violência de eleitores de Bolsonaro, estimulada pelo ódio pregado pelo candidato à Presidência, tem provocado assassinatos, linchamentos, brigas e discursões em todo o Brasil.