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Rubens Menin alerta que juros altos vão travar economia nos próximos anos


Dono da MRV, do Banco Inter e da CNN Brasil, empresário afirma que taxa real de 10% ao ano é insustentável

Publicado: 01/09/2025

Do Brasil 247

O empresário Rubens Menin, dono da MRV, do Banco Inter e da CNN Brasil, voltou a chamar atenção para os riscos da política monetária brasileira. Em entrevista ao Estado de S. Paulo, ele afirmou que os efeitos da taxa Selic em patamar elevado ainda não foram totalmente sentidos, mas devem se intensificar nos próximos anos.

“As graves consequências já estão encomendadas e vão aparecer com mais força nos próximos dois a três anos”, disse. Para Menin, o juro real próximo de 10% ao ano é “muito nocivo” e compromete investimentos, reduz competitividade e trava o crescimento da economia.

O peso dos juros sobre os negócios

Segundo Menin, companhias que estruturaram seus planos de negócios em torno de taxas de 2% hoje enfrentam dificuldades sérias para honrar compromissos. Outras, diante do atual cenário, simplesmente adiaram projetos de expansão.

“Existem empresas que contrataram empréstimos baratos e hoje sofrem para honrar compromissos, e outras que simplesmente desistiram de investir”, afirmou. O empresário defende que a sociedade brasileira debata o tema com a mesma intensidade com que discutiu a inflação no passado.

Desafios fiscais e programas sociais

Menin também ressaltou a necessidade de ajustes nas contas públicas. Para ele, o arcabouço fiscal só ganhará credibilidade se houver cortes de despesas. “Se o arcabouço não mostrar a que veio, vai ser muito ruim, com inflação, juros sem espaço para cair e o câmbio subindo”, alertou.

O empresário defendeu ainda a revisão de programas sociais como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Embora considere ambos necessários, disse que precisam ser repensados para evitar distorções no mercado de trabalho e riscos inflacionários.

Tarifaço de Donald Trump e relações internacionais

Outro ponto de preocupação de Menin é a política comercial dos Estados Unidos sob a gestão do presidente Donald Trump. Para ele, o Brasil está atrasado em buscar uma mesa de negociações para evitar impactos mais severos.

“Se isso demorar muito tempo, eu tenho um certo receio que seja muito ruim para nós”, declarou. Ele lembrou que os EUA seguem como o maior investidor no Brasil e defendeu que o país fortaleça seus laços comerciais também com China, Rússia, Europa, África e Oceania.

Mercado imobiliário em risco

Menin destacou ainda que o setor imobiliário sofre diretamente com a escalada dos juros. Ele citou que os financiamentos tradicionais ficaram mais caros e escassos, enquanto o mercado de capitais perdeu dinamismo com a Selic elevada.

“Com juros reais a 10%, é coisa de país em guerra”, afirmou, ao explicar que prestações de longo prazo podem dobrar, inviabilizando a compra de imóveis para a classe média.

Negócios e futebol

O empresário comentou também a saída de João Camargo da presidência da CNN Brasil, explicando que a decisão foi tomada de forma civilizada e sem atritos. Sobre o futebol, como maior acionista da SAF do Atlético Mineiro, Menin defendeu a criação de uma liga nacional.

“O investimento e os orçamentos estão crescendo. Quanto mais rápido acontecer [a liga], será melhor para nós”, disse.

A entrevista de Rubens Menin expõe os principais desafios da economia brasileira: juros elevados, desequilíbrio fiscal e demora nas negociações comerciais internacionais. Para o empresário, sem reformas estruturais e sem maior protagonismo nas relações comerciais, o Brasil corre o risco de perder competitividade e crescimento nos próximos anos.



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