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SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS NO ESTADO DE PERNAMBUCO
(81) 3131.6350 - sindsep@sindsep-pe.com.br
Publicado: 07/10/2025
Do GGN
O Boletim Focus projeta uma taxa Selic de 15% em 2025, seguida por 12,25% em 2026, 10,5% em 2027 e 10% em 2028. Essas expectativas, que moldam a política monetária, indicam uma economia amarrada até pelo menos 2027 — justamente quando o Brasil deveria estar investindo em sua transição industrial, explorando vantagens competitivas em terras raras e energia verde. Em vez disso, o país se vê diante de um esforço fiscal sufocado por juros estratosféricos.
Déficits que não fecham
O resultado primário do setor público — diferença entre receitas e despesas, sem contar os juros — está previsto em -0,50% do PIB em 2025, -0,60% em 2026 e -0,40% em 2027. Já o resultado nominal, que inclui os juros da dívida, é alarmante: -8,50% em 2026, -8,40% em 2027 e -7,40% em 2028. A precisão milimétrica dos números não esconde a realidade: o país está preso a uma armadilha fiscal que inviabiliza qualquer projeto de desenvolvimento.
Governos frágeis, sem consenso político amplo, tornam-se reféns do mercado. O primeiro passo é abrir as fronteiras ao livre fluxo de capitais. A promessa é sedutora: o capital internacional viria em busca de países mais baratos, provocando um transbordamento de desenvolvimento. Mas a realidade é outra. O capital-gafanhoto entra quando o país está “barato”, sai quando está “caro” e impede qualquer estabilidade necessária para planejamento de longo prazo.
Com isso, o Banco Central perde o controle sobre o câmbio, que passa a oscilar conforme a entrada e saída de dólares. Mais dólares, o real se valoriza; menos dólares, o real se desvaloriza. E tudo — inclusive os índices de preços — passa a depender desse movimento errático.
O custo da Selic
A Selic, hoje, é o centro gravitacional da política econômica. E seu custo é brutal:
Esses números mostram que a política de juros altos não é apenas uma escolha técnica — é uma escolha política, com consequências sociais profundas.
Sem pacto, sem saída
Um país é um corpo complexo, que se desdobra em vários objetivos. O principal deles é o desenvolvimento com viés social, formando o círculo virtuoso de melhoria da economia –> melhoria da renda –> melhoria do consumo –> aumento da receita. Quando se escancara as portas para o capital volátil, perde-se o controle sobre a política econômica.
Todos os esforços se concentram em um único ponto – atender às demandas do capital volátil, para impedir qualquer movimento que pressione a inflação. E a um custo que inviabiliza qualquer política pública.
Não há saída individual para um governo acuado. A única alternativa é a construção de um pacto nacional. Um governo fortalecido por consenso social e político terá condições de atravessar o período de transição — inevitavelmente turbulento — resistindo às pressões do mercado, às chantagens do Congresso e às sabotagens internas.
Lula caminha para conquistar o apoio do centro e do centro-direita civilizado.
É urgente que cessem as desconfianças entre os lados civilizados do país. Só assim será possível, enfim, pensar no futuro — com soberania, desenvolvimento e justiça social.